segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 12 / Parte 2 :

O que eu estava fazendo ali? Eu tinha prometido a mim mesma que nunca mais me permitiria ficar sozinha com ele, nunca mais me deixaria levar por aqueles arrepios que a mera lembrança dele me causava… Então por que meus pés não conseguiam parar de me levar cada vez mais pra perto da porta do laboratório, impossíveis de serem detidos? Que poder era esse que acelerava meu coração, aguçava meus sentidos, me deixava doida pelo simples fato de tê-lo perto de mim? 
Parei a alguns passos da primeira bancada, finalmente conseguindo controlar meus movimentos. Pena que foi um pouco tarde demais. Meus olhos aflitos pousaram em Arthur, sentado em sua cadeira. Como sempre, ele travava uma luta contra os inúmeros relatórios que abarrotavam sua pasta, com um cotovelo apoiado na mesa e a cabeça preguiçosamente apoiada na mão. Seus olhos inquietos estavam ainda mais sobrecarregados devido às sobrancelhas franzidas sobre eles, o que só o tornava ainda mais bonito. Os lábios levemente contraídos complementavam sua típica expressão de concentração, ou pelo menos de uma tentativa muito forte de obtê-la. 
Minha respiração parou, a garganta secou, o coração acelerou, tudo ao mesmo tempo, assim que o vi, tão lindo e tão… Próximo. Bastavam alguns passos e eu podia tocá-lo, como eu tanto desejava desde o dia anterior. Minhas pernas tremiam de leve, com a adrenalina correndo desenfreada pelas veias, e quando o choque por vê-lo se dissipou, um suspiro tenso se apoderou de meus pulmões. Faltava muito pouco pra que eu perdesse a razão… Ou seja, estava mais do que na hora de sair dali. 
Infelizmente, também já era tarde demais para isso. Mal eu me dei conta de que observá-lo estava ficando perigoso, e ele ergueu seu olhar pra mim, parecendo surpreso em me ver. Foi impossível desgrudar meus olhos dos dele, tão castanhos e faiscantes na minha direção. Meu sangue borbulhava dentro de mim, eu quase podia sentir a euforia pinicando freneticamente nas paredes de minhas veias. 
Arthur não disse nada, apenas semicerrou os olhos, tentando entender minha presença ali. Me senti totalmente patética, parada ali com cara de nada, e após alguns segundos buscando minha voz em algum lugar de minha garganta, gaguejei: 
- D-desculpe, eu… Não sei o que vim fazer aqui. 
Com a vergonha imensa que sentia transparecendo em minhas bochechas ferventes, desviei meu olhar do dele com esforço, tentando em vão dar nem que fosse um mísero passo na direção da porta. Mas antes que meus músculos rebeldes pudessem ser convencidos a me obedecer, ouvi sua voz confiante perguntar: 
- Tem certeza de que não sabe? 
Todos os meus esforços desceram pelo ralo, e minhas pernas se fincaram com ainda mais força no chão com a resposta dele. Quando voltei a encará-lo, vi que ele estava de pé, caminhando calmamente até mim com a expressão transbordando malícia, e gemi por dentro. Por que ele não podia simplesmente facilitar as coisas e me deixar ir embora? 
- Não pensei que voltaria tão rápido, Messi – Arthur disse enquanto andava, com a voz mais cordial agora, e um sorriso torto preencheu seus traços – Realmente, você não pára de me surpreender. 
Perplexa com sua maneira de lidar com os fatos e sentindo uma certa raiva borbulhar dentro de mim pelas palavras vitoriosas dele, continuei imóvel enquanto ele fechava a porta do laboratório. Não satisfeito com aquele grau de privacidade, ele lentamente girou a chave na fechadura, fazendo o barulho da tranca enferrujada ecoar pelas paredes. Senti Arthur se virar para minhas costas, ficando praticamente colado em mim, e seu perfume invadiu suavemente meus pulmões, numa intensidade bem mais fraca do que a que eu gostaria. Bem mais fraco do que eu precisava. 

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