quarta-feira, 30 de novembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 5 / Parte 4 :

- Isso aqui tá ótimo - exclamei, quase passando mal de tanto rir da cara de horror que ele tinha feito - Não vai desperdiçar tudo na minha cabeça, por favor. 
- Da próxima vez tente ir direto ao ponto, pode ser? - ele resmungou, sem conseguir evitar um sorriso e finalmente comendo um pouco do macarrão. 
- Own, ele ficou chateado - falei, com uma voz cuti cuti - Desculpa, bebezão. 
- Bebezão… Olha só quem fala - Mica murmurou, me lançando um olhar brincalhão, e eu senti meu rosto esquentar de vergonha. Às vezes eu esquecia que ele já tinha treze anos quando eu nasci. Quer dizer, eu mal tinha dentes e ele já devia ter um protótipo de bigode. Tá, melhor não continuar pensando no que ele tinha ou fazia quando era pivete e eu chupava dedo. Ficamos alguns segundos em silêncio, apenas mastigando, até que ele voltou a falar: 
- Por que você fez essa carinha e ficou quieta? 
- Nada, eu só tava pensando aqui - respondi, sem olhar pra ele. 
- Pensando no que? - ele insistiu, com a voz mais baixa e inclinando sua cabeça tentando ver o meu rosto. 
Sorri fraco e ergui meu olhar até o dele. 
- Isso tudo é muito doido… Não acha? - falei, sem graça. 
- Isso tudo? - ele repetiu, com a testa franzida. Lerdo. Mas tudo bem, ninguém funciona direito com estômago vazio, principalmente homens. 
- É… A gente ficar junto - expliquei, com o olhar fixo no dele. Mica ficou sério, parecendo um pouco assustado por pensar no assunto. 
- Por que você tá dizendo isso agora? - ele perguntou, com a voz igualmente séria e me deixando nervosa - Você tá pensando em desistir, ou sei lá, meu macarrão é tão ruim assim… 
- Não, não, claro que não, seu macarrão é ótimo - interrompi, aflita apesar de ainda estar sorrindo, e ele continuou me encarando, esperando uma explicação melhor - Eu só tava pensando, sei lá… Em como isso foi acontecer entre a gente com toda essa diferença de idade. 
Mica sorriu fraco, e eu fiz o mesmo. Depois de quase um mês juntos, era a primeira vez que eu tinha parado pra pensar naquilo, e quanto mais eu encarava aqueles olhos brilhantes, menos eu conseguia encontrar uma resposta racional. Nós dois nos gostarmos não era nada racional, era meio que uma feliz coincidência. Dentre tantas alunas bonitas e inteligentes que eu sabia que ele tinha, ele foi escolher se envolver justo comigo, que não tinha nada de especial ou diferente delas. Talvez eu só estivesse me perguntando por que eu merecia tamanho presente. 
- Eu realmente não sei como isso foi acontecer - ele suspirou, com o olhar vago no meu - Mas ainda bem que aconteceu… Eu já tava quase perdendo o jeito com mulheres. 
Meu sorriso se abriu involuntariamente, assim como o dele, e senti meu rosto esquentar um pouco. Que lindo, era tudo que eu conseguia pensar enquanto recebia aquele olhar carinhoso dele. 
- Deixa eu comer meu macarrão maravilhoso antes que eu acabe voando em cima de você - falei, fazendo-o rir - E agora que você sabe que eu mordo mesmo, toma cuidado. 
- Pode me morder - ele riu, enrolando o macarrão no garfo com um olhar malicioso - Eu gosto. 
- Mica! - exclamei, incrédula e ficando roxa de vergonha de novo, fazendo-o gargalhar. 
Já eram oito e meia da noite quando terminamos de jantar. Mais rimos do que comemos, aliás. Principalmente eu, que parecia uma retardada com um sorriso besta no rosto só de olhar pra ele, de boxer jantando comigo. Cheios de fome (e com razão) devoramos todo o macarrão e bebemos litros de suco de uva, e assim que o ajudei a colocar a louça na pia contra a sua vontade, ele perguntou: 
- Boa hora pra atacar aquele pote de sorvete, não acha? 
- Se eu ficar gorda, a culpa é sua - falei, entortando a boca numa tentativa fracassada de segurar um sorriso e apontando meu dedo indicador pra ele. 
- A gente dá um jeito nisso depois - ele sorriu, serelepe, mordendo o lábio inferior de um jeito bem nenê. Super apropriado pra grande sujeira que ele tinha acabado de dizer. 
- E eu vou dar um trato nessa sua linguinha afiada se você não parar com essas coisas - resmunguei, sem conseguir pensar direito diante daquela carinha fofa e só notando que tinha falado merda quando ele riu alto. 
- Não acredito que você disse isso - Mica falou, ainda rindo e me abraçando pela cintura. Ainda inconformada com a minha própria idiotice, apenas olhei pra ele, sorrindo de um jeito envergonhado e enrugando o nariz. 
- Pára com essa vergonha toda, vai - ele murmurou, com a voz carinhosa, e me deu um beijinho de esquimó - Você não precisa dela. 
Eu, que observava minhas mãos encolhidas em seu peito, ergui meu olhar até o dele, e automaticamente sorri. Não sei por que eu sentia tanta vergonha dele. Tá, talvez fosse porque ele era meu professor de biologia e eu tivesse medo de ser tosca ou algo do tipo, porque estava completamente apaixonada por ele e não queria receber um pé na bunda. 
- Só porque eu falei que você fica uma gracinha assim, toda vermelhinha, não significa que você tenha que ficar me torturando toda hora - Mica sorriu, fingindo estar um pouco irritado, e eu ri baixinho - Você não sabe do que eu sou capaz quando me provocam desse jeito. 
- Ah, é? - perguntei, erguendo uma sobrancelha, e um segundo depois seu braço passou por debaixo das minhas pernas, me erguendo no ar. Se ele continuasse me carregando toda hora, eu ia me esquecer de como se anda. 
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