quarta-feira, 30 de novembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 3 / Parte 5 :

 
- Eu acho melhor a gente ir com calma – ele balbuciou, parecendo um pouco desconcertado – Alguém pode nos pegar aqui, e… 
Mica desistiu de continuar falando, com o olhar fixo no meu. Minha vontade foi de dizer que ele podia fazer o que quisesse comigo, mas ao invés disso, eu apenas falei, com um sorriso compreensivo: 
- Tudo bem, professor. 
Ele suspirou, olhando pro lado como se estivesse em dúvida. Logo voltou a me olhar, mordendo discretamente seu lábio inferior, que estava bem vermelho, e disse: 
- É que eu nunca fiz isso antes, sabe… Nunca me envolvi tanto assim com uma aluna, tenho medo de ir rápido demais e acabar te assustando… Entende? 
Enquanto falava, Mica fazia carinho em meu rosto e observava cada detalhe dele com insegurança no olhar. Sem reação diante daquele jeito cuidadoso, apenas assenti devagar, com um sorriso besta no rosto. Ele afastou uma mecha de cabelo que estava sobre meu olho e sorriu de volta, mais aliviado. 
- E agora? – falei, arrumando timidamente o cabelo dele que estava todo bagunçado e fazendo-o fechar os olhos com o carinho. 
- Não faço a menor idéia – ele respondeu, sorrindo de um jeitinho gostoso e lentamente abrindo os olhos – A única coisa que eu sei é que quero você. 
Fiz uma cara involuntária de perplexidade após aquela declaração. Preciso dizer que eu também queria demais aquele cara? Acho que eu nunca quis tanto alguém como eu o queria, sem mudar nada em sua personalidade e em seu jeito de ser. Naquele momento eu percebi que realmente amava Micael Borges, e que seria capaz de acordar todos os dias ao lado dele, ouvi-lo rir de qualquer coisa idiota que eu dissesse, observá-lo enquanto ele estivesse distraído vendo TV ou lendo algum livro, beijá-lo e abraçá-lo a qualquer momento… Resumindo, eu queria aquele homem só pra mim, pra sempre, não importava se aquilo era errado. Abri um sorriso encantado, com o olhar fixo no dele, e aproximei nossos rostos devagar até alcançar sua boca e beijá-lo calmamente. 
- Não dá pra acreditar nisso tudo, sabia? – murmurei, partindo o beijo e unindo nossas testas – Nunca pensei que um dia eu estaria beijando o senhor… 
- Me chame de ‘você’, pelo amor de Deus – ele interrompeu, erguendo as sobrancelhas – Chega desse ‘senhor’, me sinto um vovô quando você me chama assim. 
- Nunca pensei que um dia eu estaria beijando você – repeti, frisando a última palavra – E te ouvindo dizer coisas assim pra mim. 
- Eu tentei ignorar esse meu interesse por você, eu juro que tentei – Mica falou, acariciando minha cintura enquanto eu brincava com a gola de seu suéter – Mas ontem eu não agüentei mais me segurar, não sei o que me deu… Tava tudo escuro, e você totalmente sozinha lá atrás… Eu detesto te ver sozinha na classe, já falei isso. 
- Não liga pra essas coisas, eu não faço questão de ser amiga de ninguém daquela classe – sorri, ao ver que ele estava ficando meio bravo. Mica entortou a boca e me olhou, cedendo logo depois e sorrindo comigo. 
- Falando em classe, acho que te roubei de alguma aula – ele lembrou, fazendo uma careta sapeca – Não é melhor você voltar? 
- Infelizmente é – suspirei, triste – O Guto deve estar estranhando minha demora no banheiro. 
- É só falar que comeu waffles no café-da-manhã – ele riu, e eu franzi a testa, sem entender – Ele sempre tem dor de barriga quando come waffles, vai se identificar com o seu sofrimento. 
- Bom saber – gargalhei, e ele logo me calou com um beijo caloroso. 
- Amanhã eu dou um jeito pra gente se ver – Mica avisou, me abraçando pela cintura e me colocando no chão – Vai lá, pequena. 
Dei um sorriso fofo pra ele, e sem conseguir resistir, puxei-o de novo pra outro beijo. Mica não reclamou, pelo contrário, pareceu gostar da surpresa. Eu não queria me afastar dos braços daquele homem nunca mais. Era tudo muito lindo pra ser verdade e eu não queria acordar daquele sonho de jeito nenhum. 
- Até amanhã então – murmurei, quando partimos o beijo, e saí da sala sorrateiramente, deixando-o com um sorriso de orelha a orelha em seu rosto. E no meu também, claro.
 
 

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