- Tudo bem, eu te perdôo – murmurei, desviando meus olhos dos dele para encarar a gola de sua blusa, com a qual meus dedos brincavam nervosamente – Você mereceu.
- Não, eu não mereci – ele disse, no mesmo tom que eu, acariciando meu rosto com as costas de sua mão, e sua voz soou tão profunda que eu tive que encará-lo para entender o motivo daquilo – Nada que eu tenha feito me daria merecimento suficiente para poder ver suas bochechas ficando vermelhinhas, exatamente como estão agora, e poder chamá-las de minhas… Assim como você inteira é.
Senti minha pele mais quente que a dele com seu toque suave em meu rosto, e a diferença de temperatura só aumentou depois de ouvi-lo. Parecia que todos os meus órgãos estavam desmoronando, numa enxurrada veloz e nauseante até atingirem o chão, arrastando consigo todo e qualquer vestígio de força e autocontrole ao qual eu pudesse me prender. Seus olhospretos tão límpidos, transbordando sinceridade, logo ganharam um toque de preocupação, e de repente eu não conseguia enxergá-los mais. De repente, seus olhos eram apenas dois borrões coloridos em meio ao resto das manchas que eu via.
- Roberta, o que foi? – sua voz sussurrou, num misto de surpresa e pânico exagerados, e logo em seguida, senti meu rosto molhado, assim como um soluço escapou por entre meus lábios – Por que está chorando?
Então era isso. Era assim que uma pessoa podre se sentia. Era isso, e só isso, o que uma pessoa podre como eu conseguia fazer diante de toda a sujeira que guardava dentro de si. Ela chorava. Chorava como se não houvesse mais razão para respirar; agonizava diante de toda a pureza e bondade que existia naquele mundo no qual ela não conseguia mais se encaixar, humilhada por todo aquele amor que um dia lhe pertenceu por pura sorte. E que agora lhe parecia tudo, menos seu. Bastaria que meus dedos o tocassem para que aquele sentimento tão lindo se transformasse em cinzas. Bastaria que eu estendesse minhas mãos para alcançar seu maravilhoso brilho… Para imergi-lo em trevas.
- Por favor, Roberta, não faz isso comigo! O que foi? Não se sente bem? – Mica disparou, ficando absolutamente sério e segurando meu rosto com firmeza, enxugando minhas lágrimas com seus polegares – O que tá acontecendo? Fala pra mim!
Me mantive por alguns segundos paralisada, somente chorando desesperadamente e deixando que pelo menos algumas gotas do oceano de dor e culpa que eu guardava dentro de mim escapassem por meus olhos. Sim, eu estava sendo fraca, e bem na frente de Mica, mas eu não tinha mais forças para me conter. Ele me abraçou fortemente, prensando-me contra seu corpo, e eu involuntariamente o envolvi com meus braços, apertando-o como se nunca mais fosse poder fazer isso. E eu não deveria mesmo poder. - Eu… Eu… Senti tanto a sua falta – solucei, com o rosto enterrado em seu peito. Era uma mentira, mais uma, mas eu não era capaz de dizer o que minha consciência implorava para dizer. Vá embora, me machuque, me deixe para trás, eu não mereço você. Vá procurar alguém que seja digno de seu coração. Não, eu não conseguiria dizer aquilo. Minha mente me dizia que isso era o certo a fazer, repeli-lo, mesmo que sem dizer toda a verdade. Ele não podia continuar sendo enganado, apunhalado pelas costas, e eu concordava plenamente com isso.
- Não, eu não mereci – ele disse, no mesmo tom que eu, acariciando meu rosto com as costas de sua mão, e sua voz soou tão profunda que eu tive que encará-lo para entender o motivo daquilo – Nada que eu tenha feito me daria merecimento suficiente para poder ver suas bochechas ficando vermelhinhas, exatamente como estão agora, e poder chamá-las de minhas… Assim como você inteira é.
Senti minha pele mais quente que a dele com seu toque suave em meu rosto, e a diferença de temperatura só aumentou depois de ouvi-lo. Parecia que todos os meus órgãos estavam desmoronando, numa enxurrada veloz e nauseante até atingirem o chão, arrastando consigo todo e qualquer vestígio de força e autocontrole ao qual eu pudesse me prender. Seus olhospretos tão límpidos, transbordando sinceridade, logo ganharam um toque de preocupação, e de repente eu não conseguia enxergá-los mais. De repente, seus olhos eram apenas dois borrões coloridos em meio ao resto das manchas que eu via.
- Roberta, o que foi? – sua voz sussurrou, num misto de surpresa e pânico exagerados, e logo em seguida, senti meu rosto molhado, assim como um soluço escapou por entre meus lábios – Por que está chorando?
Então era isso. Era assim que uma pessoa podre se sentia. Era isso, e só isso, o que uma pessoa podre como eu conseguia fazer diante de toda a sujeira que guardava dentro de si. Ela chorava. Chorava como se não houvesse mais razão para respirar; agonizava diante de toda a pureza e bondade que existia naquele mundo no qual ela não conseguia mais se encaixar, humilhada por todo aquele amor que um dia lhe pertenceu por pura sorte. E que agora lhe parecia tudo, menos seu. Bastaria que meus dedos o tocassem para que aquele sentimento tão lindo se transformasse em cinzas. Bastaria que eu estendesse minhas mãos para alcançar seu maravilhoso brilho… Para imergi-lo em trevas.
- Por favor, Roberta, não faz isso comigo! O que foi? Não se sente bem? – Mica disparou, ficando absolutamente sério e segurando meu rosto com firmeza, enxugando minhas lágrimas com seus polegares – O que tá acontecendo? Fala pra mim!
Me mantive por alguns segundos paralisada, somente chorando desesperadamente e deixando que pelo menos algumas gotas do oceano de dor e culpa que eu guardava dentro de mim escapassem por meus olhos. Sim, eu estava sendo fraca, e bem na frente de Mica, mas eu não tinha mais forças para me conter. Ele me abraçou fortemente, prensando-me contra seu corpo, e eu involuntariamente o envolvi com meus braços, apertando-o como se nunca mais fosse poder fazer isso. E eu não deveria mesmo poder. - Eu… Eu… Senti tanto a sua falta – solucei, com o rosto enterrado em seu peito. Era uma mentira, mais uma, mas eu não era capaz de dizer o que minha consciência implorava para dizer. Vá embora, me machuque, me deixe para trás, eu não mereço você. Vá procurar alguém que seja digno de seu coração. Não, eu não conseguiria dizer aquilo. Minha mente me dizia que isso era o certo a fazer, repeli-lo, mesmo que sem dizer toda a verdade. Ele não podia continuar sendo enganado, apunhalado pelas costas, e eu concordava plenamente com isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário