domingo, 15 de janeiro de 2012

WEB LuAr - Capítulo 26 / Parte 5:

Já havia escurecido quando voltei a abrir os olhos, bem menos cansada que antes e com uma fome estratosférica. O silêncio ainda predominava em casa, exceto pelo barulho da TV no andar de baixo, provavelmente responsabilidade de mamãe. Dessa vez, foi muito fácil levantar e fazer uma visita ao banheiro, mais especificamente ao chuveiro. 
Entrei de cabeça sob a cachoeira quente, e me lavei sem muitas delongas. Logo em seguida, escovei os dentes, e assim que havia acabado, me encarei no espelho. Meus lábios pareciam constantemente curvados num sorriso, sem que eu sequer me desse conta disso, meus olhos brilhavam mais que o normal, minhas bochechas estavam coradas e quentes, meu coração parecia forte, batendo num ritmo mais acelerado que o habitual… Eu estava diferente. Eu estava bem. 
Deixei o banheiro cantarolando uma música qualquer, e assim que minhas mãos se dirigiram à toalha enrolada em meu corpo, me lembrei de Thur arrancando-a na noite anterior. Um leve arrepio percorreu meu corpo instantaneamente; com certeza, eu levaria algum tempo para me recuperar daquela noite. Tive que respirar fundo antes de prosseguir, mas parecia que alguém não queria que eu o fizesse. 
Meu celular tocou assim que minhas mãos se dirigiram à toalha, e eu corri para atendê-lo, olhando o visor antes. Um nó dolorido se formou em minha garganta e todo o clima agradável desapareceu quando li o nome escrito na tela. 
- Alô? – murmurei ao atender, sentando-me na cama e levando a mão livre ao pescoço numa tentativa idiota de fazer minha voz fluir melhor, e também de conter o enjôo forte que se apoderou de meu estômago, extinguindo minha fome por completo num segundo. 
- Oi, meu amor! – Mica sorriu, parecendo extremamente aliviado, e meus olhos se fecharam quando senti a alegria em sua voz – Acabei de chegar de viagem! 
- Que bom – respondi com a maior empolgação forjada que consegui, mordendo meu lábio inferior logo em seguida e sentindo meus olhos ficarem úmidos numa velocidade alucinante. 
- Como você tá? – ele perguntou, animado - Aproveitou bastante seu fim de semana sem mim, aposto! 
Levei alguns segundos para fingir um risinho e encontrar minha voz para respondê-lo. Se ele soubesse o impacto que essas brincadeiras tinham em mim, não as faria. Ou talvez, fizesse pior, para me dar exatamente o que eu merecia receber: dor. 
- Tô bem – falei simplesmente, e ao abrir os olhos, vi boa parte de meu quarto em borrões devido à água que se acumulava neles – E você? Como foi a viagem? 
- Confesso que eu tô um pouco triste, porque faz um tempão que eu não te vejo, e isso me deprime! – Mica respondeu, fingindo um desânimo fúnebre na voz, assim como eu fingia o contrário na minha – Mas a viagem foi ótima. Matei a saudade da família, descansei bastante, segui todas as suas recomendações… Digamos que estou 
fisicamente saudável. Meu emocional anda meio doente sem você pra cuidar dele. 
Uma lágrima caiu por meu rosto, e eu prendi um soluço com esforço. 
- Me desculpe por isso – falei baixinho, tentando fazer com que minha voz estrangulada soasse proposital. Ele ficou em silêncio por alguns segundos, me deixando um pouco preocupada, e quando voltou a falar, sua voz parecia séria. 
- Roberta… Tá tudo bem mesmo? Você me parece… Preocupada com alguma coisa. O que foi? 
- Eu estou bem, Mica, juro – sorri, esforçando-me ao máximo para disfarçar minhas lágrimas – Não se preocupe comigo. 
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