quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

WEB LuAr - Capítulo 25 / Parte 6 :

Meu rosto ficou sério, e eu logo o senti esquentar de leve, como se uma brisa quente o tocasse. Por que ele era tão bom em me envergonhar? 
- É claro que não foi só por isso – ele prosseguiu tranqüilamente, notando minha falta de palavras, e seus olhos não apresentavam o menor sinal de blefe ao retribuírem meu olhar – Existe algo de diferente em todos os seus detalhes. Você me intriga de um jeito que nem eu sei explicar. Eu não sei bem por que, nem como; eu apenas sigo o que sinto. Só o que sei é que é você que eu quero. Outra pessoa não serve.
Engoli em seco, com o rosto já ardendo em chamas, e meus olhos não conseguiam se desviar dos dele, intensamente castanhos e misteriosos. Às vezes, eu era capaz de ler tudo neles; às vezes, nem o mais simples sentimento transparecia a barreira invisível de seu olhar. Ele sorriu para mim, notando meu desconforto, e deslizou o indicador de uma das mãos na base de meu queixo, puxando meu rosto para mais perto do dele. Sentindo meu coração subir até a garganta, agitado, eu mesma venci a distância restante entre nossos lábios e os selei num beijo carinhoso.
Uma vontade de chorar se alojou em meu peito, mas não de tristeza. Ouvir Arthur dizer tudo aquilo de mim, com uma sinceridade irrevogável, mexeu com a parte mais sensível de meu emocional. Eu não sabia definir exatamente como tamanho sentimento havia ganhado tais proporções, nem por que ele significava tanto pra mim, sendo que mal notei sua chegada e muito menos seu crescimento silencioso. Eu só sabia de uma coisa.
- Thur… – sussurrei espontaneamente, assim que parti o beijo, e meus olhos se fecharam fortemente em agonia. Pude senti-lo um tanto agitado diante de meu murmúrio íntimo, e ele envolveu meu rosto com suas mãos aconchegantes. Só serviu para estimular o sentimento gradualmente fortalecido dentro de mim.
- O que foi? – ele perguntou, cuidadoso, e eu segurei seus pulsos com delicadeza, indicando que estava bem. Respirei fundo, engolindo a hesitação, e me enterrei em seu abraço antes de continuar.
- Eu acho que… Quebrei nosso acordo – murmurei baixinho contra a curva de seu pescoço, prendendo o choro com certo esforço – Thur, eu… 
Eu estou me envolvendo… Me desculpe. 
Ele não disse nada por um momento, apenas respirou fundo, acariciando minhas costas com sutileza. Eu sabia que ele se lembrava de nosso trato quase mudo de não nos envolvermos fisicamente; a conversa do último fim de semana, na Ferrari, ainda estava fresca em nossas mentes. Desejei saber que sentimentos assombravam seus olhos, mas não tive coragem de encará-lo. A possibilidade de ver alguma rejeição neles subitamente me pareceu assustadora. Eu não queria perdê-lo. Eu precisava dele, como já sabia há algum tempo. Eu só não queria enxergar o tamanho de minha dependência, a força de nosso vínculo, e ter de aceitar a realidade. Sempre era mais fácil fugir dela, mas agora eu não podia mais ignorá-la.
- Não se preocupe com isso, Roberta – ele sussurrou contra meus cabelos, e depositou um beijo em meu pescoço – Esse acordo nunca existiu… Desde o início, eu 
sempre estive envolvido. 

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