domingo, 8 de janeiro de 2012

WEB LuAr - Capítulo 23 / Parte 9 :

Exatamente quando terminei de me vestir, o interfone tocou, anunciando a chegada de minha refeição. Poucos minutos depois, já estava sentado novamente em meu sofá, saboreando as delícias da culinária chinesa (ou japonesa, pra mim é tudo igual). Devorei tudo em tempo recorde, sendo atingido em cheio pelo arrebatador sono pós-almoço. Lavei rapidamente a louça que havia usado, tentando me manter acordado, mas parecia que o sono de uma manhã desagradavelmente interrompida também começara a se manifestar. Tudo que me lembro após essa constatação foi que assim que terminei a louça, cambaleei até minha cama ainda desarrumada, e me deixei cair sobre ela, sentindo as pálpebras pesarem e a mente entrar em hibernação. 
E, como se tivesse acabado de fechar os olhos, voltei a abri-los, subitamente assustado. Ao invés da claridade amena da tarde, minhas pupilas dilataram-se ao encontrarem a escuridão da noite dominar meu quarto. Eu odiava aquela sensação, fazia com que minha cabeça parecesse pesar toneladas. Instintivamente, olhei para o relógio de cabeceira, ainda um pouco zonzo: oito e quinze. 
- Merda! – exclamei, quase caindo da cama ao querer me levantar depressa, embolando-me nas cobertas e levando o triplo do tempo que levaria para ficar de pé normalmente. O baile já havia começado há quinze minutos e eu mal havia separado um terno decente! Jamais me perdoaria se Roberta chegasse e eu não estivesse lá para vê-la… Seriam quinze minutos desperdiçados de uma noite com ela, e eu me amaldiçoaria para sempre por perdê-los. 
Ajeitei a cama com toda a rapidez que pude e tomei uma rápida ducha fria, somente para afastar os últimos vestígios de sono e deixar que a água gelada me trouxesse a concentração da qual eu precisaria naquela noite (não, não estava com humor nem tempo para lembrar novamente do sonho, tá legal?). Enxuguei-me depressa e enrolei a toalha em meus quadris, deixando o banheiro feito um raio e pegando a primeira combinação de paletó, gravata, camisa, calça e sapatos sociais que encontrei. Meu figurino aleatório até que não ficou tão mal: uma camisa roxa, uma gravata cinza clara e o resto das roupas de cor preta, assim como as boxers que vesti correndo (e quase caindo ao fazê-lo). Odiava estar atrasado, odiava me arrumar correndo, sempre deixava os outros esperando e que se danem os horários, mas hoje era uma rara e necessária exceção. 
Vesti o resto das roupas na mesma velocidade, e em menos de cinco minutos, já estava praticamente pronto. Me olhei rapidamente no grande espelho do banheiro para me certificar de que estava tudo certo, e ajeitei a gravata que ainda estava frouxa em meu pescoço. Eu odiava usar aquela droga (e passei a odiar ainda mais depois de meu pesadelo), parecia uma coleira me enforcando, mas para as mulheres, era uma espécie de charme a mais. Vai entender a mente feminina… Acho mesmo é que elas sabem que essa porcaria nos incomoda e fingem gostar só pra nos ver sofrer. 
Voltando ao assunto, escovei os dentes com todo o cuidado que alguns minutos me permitiram, e dei uma rápida bagunçada em meu cabelo, o suficiente para que ele ficasse do jeito que eu gostava. Pelo menos ele parecia estar contribuindo para o sucesso de minha noite. Peguei o vidro de perfume que aguardava sobre a pia do banheiro e borrifei nos lugares de sempre: nos pulsos e no pescoço. Saí do banheiro e fui até o quarto para pegar meu celular e minha carteira, únicos itens que me faltavam, sentindo aqueles sapatos sociais me incomodarem um pouco. Nada que fosse conquistar minha atenção quando meus olhos estivessem ocupando espaço demais em minha mente, como eu sabia que estariam assim que Roberta entrasse em meu campo de visão. Após (quase) um dia inteiro sem pensar nela, o que era um tanto raro, já que a via cinco dias na semana, não pude deixar de sorrir sozinho ao visualizar o momento em que estaríamos próximos novamente. 

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