domingo, 8 de janeiro de 2012

WEB LuAr - Capítulo 23 / Parte 10 :

Mas logo voltei à realidade, e revirei os olhos ao guardar o celular no bolso. Pra que eu ia precisar daquele pedaço de tecnologia irritante? Aquilo só servia pra me estressar, afinal, sempre tem aquele energúmeno que me liga justo nos momentos mais impróprios só para torrar minha paciência. Tipo o Borges. Fiz uma careta ao me lembrar dele e de todo aquele triângulo amoroso no qual estávamos metidos; com certeza, ele era o mais desavisado do perigo que corria estando em meio ao fogo cruzado no qual se resumia minha interferência em sua relação com Roberta. 
Não que eu tivesse orgulho de ser o responsável pelos chifres do meu melhor amigo. Como eu acabei de dizer, ele é meu melhor amigo - bom, pelo menos por enquanto ele é, não sei se continuará sendo por muito tempo -, mas as coisas se tornam um pouco mais complicadas quando esse amigo está com a única garota que você quer em todo o universo, entende? Se ele estivesse pegando a Smithers ou qualquer outra garota oferecida da escola, eu mal estaria ligando pra isso. Mas não. Ele foi escolher a Roberta. 
Justo a Roberta. Eu vi primeiro, eu tinha mais direito do que ele, ainda mais agora que ela me correspondia, mesmo que não quisesse admitir. Certo? 
Larguei o celular sobre a mesinha de cabeceira e voei até a porta, rodando a chave da Ferrari no dedo indicador de uma mão e guardando minha carteira no bolso da calça social com a outra. Peguei o elevador e rapidamente cheguei à garagem, onde meu brinquedinho vermelho reluzia, me esperando, pronto pra me levar o mais depressa possível para aquele baile. E, conseqüentemente, pra Roberta. Porque, com toda a certeza do mundo, ela seria minha hoje. 
Toda minha. 
Enquanto manobrava com facilidade e acelerava rumo à saída da garagem, me peguei pensando em como ela estaria vestida. Será que estaria de vermelho, como em meu sonho/pesadelo, só pra me provocar ainda mais antes mesmo de encostar em mim? Ou talvez estivesse de preto, escondendo por debaixo de seu vestido todas aquelas curvas que faziam meu sangue borbulhar em certas regiões e me deixavam com aquele sorriso tarado no rosto só de pensar nelas? É… Pensando assim, eu prefiro que ela esteja de preto. 
Dirigi o mais depressa que pude até a escola, sentindo meu coração acelerar a cada semáforo ultrapassado. Estacionei bem na frente do colégio, abençoando quem teve a brilhante idéia de reservar as vagas privilegiadas para o corpo docente, e saí da Ferrari, respirando fundo e me preparando pra finalmente vê-la. Não seria difícil encontrá-la, era só procurar a garota mais perfeita no meio daquele monte de alunos sem graça. Contive um sorriso ao imaginá-la, quase irradiando luz própria de tão linda em meio àquele bando de gente idiota, e atravessei a rua, me esgueirando por entre a multidão que entupia a entrada da escola. 
Com passos largos e rápidos, logo cheguei ao local onde havia mais gente: a pista de dança, que era basicamente a mesma que eu havia visualizado em sonho (talvez porque todo ano, a mesma decoração se repetia, a ponto de todos os professores já a saberem de cor). Uma música qualquer tocava, fazendo as pessoas se moverem conforme seu ritmo, mas nenhuma dessas pessoas era quem eu procurava. Bufei, lançando olhares impacientes para todas as direções, e em poucos minutos, já tinha percorrido todos os ambientes disponíveis, sem encontrá-la em lugar nenhum. Não havia motivo para estar naquele de baile se não fosse para vê-la, então a leve irritação que começava a me dominar fazia um certo sentido. Sem contar os arrepios que se manifestavam por debaixo do tecido da roupa ao passar pelo bar praticamente idêntico ao que visualizei em sonho. 

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