quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

WEB LuAr - Capítulo 23 / Parte 4 :

Roberta me olhou de cima a baixo, assim como eu havia feito com ela há poucos segundos, e seus lábios avermelhados se retorceram num sorriso malicioso. Ou ela havia desistido de se afastar de mim, ou ela estava tirando uma com a minha cara. Não consegui me decidir, havia outros milhares de pensamentos colidindo em minha mente para que eu pudesse concluir alguma coisa. Para mim, não fazia muita diferença, eu sabia que a teria naquela noite e nenhuma dessas opções representava um obstáculo para mim. Ela virou lentamente o corpo, indicando que se afastaria, e me lançou um último olhar significativo antes de caminhar até a pista, rebolando de um jeito enlouquecedor. Deus do céu, o que ela estava planejando para mim? 
Apenas a observei se distanciar, totalmente nocauteado, até que ela parou praticamente no meio da pista de dança e voltou a me encarar. Havia menos gente ao seu redor agora, por algum motivo que eu não estava interessado em saber, tornando minha visibilidade plena. Ela voltou a sorrir, safada, e como se cada parte de seu corpo tivesse vida própria, começou a dançar de um jeito extremamente sensual, como se fosse apenas para pisar no que ainda restava de meu autocontrole fragilizado. A música parecia tocar conforme seus movimentos, e não o contrário; seus olhos mantinham-se presos aos meus, como se analisassem o efeito que sua movimentação provocava em mim. Meu corpo gritava, cada pedacinho de mim urrava, em um uníssono perfeitamente audível e impossível de ser reprimido, a minha sentença. 
Eu precisava tê-la. Não havia mais forças para esperar. 
Engoli em seco, sentindo dificuldade para respirar, e retomei parte do controle de minha mente. Ignorei tudo e todos ao meu redor e caminhei determinadamente em direção a ela, sentindo os joelhos tremerem e a calça apertar meu corpo. Nossos olhares estavam tão conectados que eu mal podia enxergar outra coisa em minha frente a não ser o brilho de seus olhos. A cada passo, meu coração parecia acelerar ainda mais seus batimentos, ansiando pelo momento em que ela estaria grudada em mim e nossos corpos, prestes a se fundirem num só. 
Mas esse momento parecia não chegar nunca. Na verdade, eu já estava andando há tempo demais para não a ter alcançado ainda. Franzi levemente a testa, confuso, e só então me dei conta de que ainda estava no mesmo lugar. Ela, porém, pareceu não perceber isso, porque não houve mudança alguma em seu comportamento. Angustiado, apenas apertei o passo, tentando inutilmente sair dali, mas nada mudou. Minha visão já estava um tanto turva pela falta de oxigênio, mas eu não me importava com aquilo. Tudo que eu queria era chegar até Roberta antes que alguém o fizesse. Antes, talvez, que Mica o fizesse, se é que ele estava ali. 
E não precisei de muito tempo para descobrir. 

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