quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

WEB LuAr - Capítulo 23 / Parte 3 :

Uma música ensurdecedora enchia meus ouvidos, fazendo com que minhas entranhas parecessem vibrar conforme o ritmo da batida eletrônica. A iluminação era irregular e colorida, acompanhada de uma leve névoa, e a grande quantidade de pessoas fazia com que a temperatura aumentasse dentro daquele ambiente. 
Olhei brevemente ao redor, tentando me localizar, e não demorei muito tempo para reconhecer o lugar: estava no ginásio do colégio onde trabalhava, e uma enorme pista de dança havia sido injetada nele. Vultos passavam rapidamente por mim, e somente algum tempo depois, me dei conta de que eram alunos e professores rodopiando ao meu redor, envoltos em suas próprias coreografias improvisadas e empolgados demais com a música para me notarem. 
Um sorriso esperto se alojou em meus lábios quando finalmente a ficha caiu dentro de meu cérebro. Eu estava no baile de primavera. Ou seja, faltava pouco para que Roberta entrasse em meu campo de visão, e não muito tempo depois, em algum banheiro ou sala vazia. Comigo. 
Vasculhei discretamente a multidão de gente que dançava, mas não encontrei sinal algum da única pessoa que desejava ver. Caminhei rapidamente até o bar, que para minha surpresa, estava vazio, e pedi o drinque mais forte que o barman pudesse me dar. Eu não planejava ficar bêbado naquela noite, mas se eu ainda teria que esperar mais por ela, que fosse com uma boa dose de álcool correndo em minhas veias. Virei o corpo de frente para a pista, sentindo uma leve adrenalina formigar em meus músculos e delatar a imensidão de minha ansiedade. Se durante a espera eu já me sentia prestes a implodir, não sei se gostaria de estar na pele dela quando finalmente a tivesse em minhas mãos. 
E então, foi como uma alucinação. Meus olhos se chocaram contra a imagem inesperada, e tiveram que fazer o caminho de volta ao distanciarem-se distraidamente dela. Os cabelos volumosos, os olhos vorazes, os lábios sensuais, o colo sedutor, o busto delicioso… A cintura definida, os quadris sinuosos, as coxas fartas… Sim, era ela. 
Roberta. 
O desejo transbordava em meu olhar. Aquela só podia ser a visão do paraíso. Como se o simples fato de ela estar ali já não me bastasse, Roberta estava absolutamente deslumbrante. Nunca, nem sequer em meus delírios mais profundos, imaginei que a veria linda como ela estava naquele momento, aproximando-se cada vez mais de mim e tornando a possibilidade de tocá-la cada vez mais válida. 
Seus cabelos estavam caídos sobre os ombros, formando perfeitas e charmosas ondas em seus fios. Seus olhos eram felinamente delineados por linhas pretas ao seu redor, deixando suas íris faiscantes e fixas nas minhas ainda mais hipnotizantes. O corpo era coberto apenas por um justo e curto vestido tomara-que-caia vermelho, que destacava toda a região de seus ombros, colo e pernas. Uma delas, inclusive, estava quase totalmente nua devido ao corte vertical que abrangia desde a barra do vestido, que ficava na metade de sua coxa, até perto de seus quadris. Os sapatos pretos de salto tornavam os contornos de seu corpo ainda mais sensuais, fazendo com que minhas mãos subitamente começassem a suar frio e meu coração parasse por alguns segundos, antes de recomeçar a bater com velocidade alucinante. 
E antes que eu pudesse me conter e pensar em alguma coisa que não fosse sua beleza, seu perfume envolveu a atmosfera que me rondava, anunciando sua aproximação. Meus olhos ainda encaravam os dela, provocantes, e sua sensualidade começava a surtir efeitos físicos em mim: gradativamente, a calça social me parecia extremamente desconfortável, assim como todo o resto de minhas roupas, e a necessidade de sentir sua pele quente contra a minha chegava a me arrepiar por inteiro. Era possível sentir o suor gelado brotar de minha testa, o sangue ser violentamente bombeado para o resto do corpo, a garganta secar em poucos segundos, as extremidades formigarem de tesão. Como ela podia ser tão maravilhosa? 

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