- Não, isso não é bom… Isso é ótimo – ele disse, colocando um leve charme na voz – É tão ótimo que eu tenho feito muito isso ultimamente, sabia? Acho até que, de tanto pensar em você, poderia te materializar bem aqui na minha frente agorinha mesmo, só com a força do pensamento… O que acha?
Dessa vez, eu soltei uma gargalhada divertida, sentindo meu corpo leve pela primeira vez naquela semana. Mica parecia aliviar o peso de todo e qualquer tipo de fardo que eu carregava com o simples som de sua voz, ainda mais quando me provocava daquele jeito despreocupado.
- Infelizmente, eu tenho que discordar – falei, observando distraidamente o movimento esvoaçante das cortinas de meu quarto – O senhor está de repouso sob recomendações médicas ate amanhã, e a última coisa que faríamos se eu estivesse aí seria repousar.
- Ah… Que pena – ele gemeu, e eu pude imaginar com facilidade a expressão de nenê emburrado em seu rosto – Odeio quando você tem razão. Promete que me recompensa semana que vem?
- Posso te recompensar amanhã mesmo, se já estiver se sentindo melhor – murmurei, com um tom malicioso, já começando a sentir o ânimo crescer em mim quanto àquele sábado – Teremos bastante tempo para colocar nossos assuntos em dia.
O silêncio de Mica me fez pensar que ele estava refletindo concretamente sobre a sugestão, mas pelo visto, meu poder de dedução estava um tanto quanto falho.
- Hm… Amanhã eu não vou poder te ver – ele lamentou, mantendo sua voz desanimada – Na verdade, eu vou viajar hoje mesmo pra Sheffield, e provavelmente, só volto no domingo. Vou visitar minha mãe, já que amanhã é o aniversário dela.
Fiquei sem saber o que dizer por alguns segundos. Mica nunca havia mencionado nada sobre sua família antes, e o fato de não poder conhecer sua mãe me deixou levemente triste. De repente, me ocorreu a imagem de uma senhora amável e bondosa, do tipo que te oferece biscoitos com leite acompanhados de um sorriso gentil e olhos ternos. A senhora Borges deveria ser uma graça, e eu simplesmente não podia conhecê-la, tudo porque era alguns anos mais nova que Mica. Aquele tabu ridículo de diferença de idade estava começando a me dar nos nervos.
- Ahn… Eu entendo – gaguejei, afogando minhas recém-nascidas esperanças de um sábado menos solitário – Dê um abraço bem apertado em sua mãe por mim, mesmo que ela não saiba que eu existo.
- Pode deixar, amor – ele sorriu, e eu senti a pena por não poder me levar transparecer em sua voz – Tenho certeza de que ela gostaria muito de você se pudesse conhecê-la.
Não consegui responder nada, apenas sorri, sentindo-me subitamente deprimida. Eu estava fadada a passar o fim de semana inteiro dentro de casa, tomando litros de sorvete e vendo TV o dia todo, de pijamas e pantufas, enquanto minha melhor amiga reatava seu namoro, meu namorado visitava a mãe a sei lá quantos quilômetros de distância e o idiota do Aguiar comia a Maria até cansar. Tamanha exclusão parecia até castigo divino pelo excesso de companhia que tive no fim de semana anterior.
Dessa vez, eu soltei uma gargalhada divertida, sentindo meu corpo leve pela primeira vez naquela semana. Mica parecia aliviar o peso de todo e qualquer tipo de fardo que eu carregava com o simples som de sua voz, ainda mais quando me provocava daquele jeito despreocupado.
- Infelizmente, eu tenho que discordar – falei, observando distraidamente o movimento esvoaçante das cortinas de meu quarto – O senhor está de repouso sob recomendações médicas ate amanhã, e a última coisa que faríamos se eu estivesse aí seria repousar.
- Ah… Que pena – ele gemeu, e eu pude imaginar com facilidade a expressão de nenê emburrado em seu rosto – Odeio quando você tem razão. Promete que me recompensa semana que vem?
- Posso te recompensar amanhã mesmo, se já estiver se sentindo melhor – murmurei, com um tom malicioso, já começando a sentir o ânimo crescer em mim quanto àquele sábado – Teremos bastante tempo para colocar nossos assuntos em dia.
O silêncio de Mica me fez pensar que ele estava refletindo concretamente sobre a sugestão, mas pelo visto, meu poder de dedução estava um tanto quanto falho.
- Hm… Amanhã eu não vou poder te ver – ele lamentou, mantendo sua voz desanimada – Na verdade, eu vou viajar hoje mesmo pra Sheffield, e provavelmente, só volto no domingo. Vou visitar minha mãe, já que amanhã é o aniversário dela.
Fiquei sem saber o que dizer por alguns segundos. Mica nunca havia mencionado nada sobre sua família antes, e o fato de não poder conhecer sua mãe me deixou levemente triste. De repente, me ocorreu a imagem de uma senhora amável e bondosa, do tipo que te oferece biscoitos com leite acompanhados de um sorriso gentil e olhos ternos. A senhora Borges deveria ser uma graça, e eu simplesmente não podia conhecê-la, tudo porque era alguns anos mais nova que Mica. Aquele tabu ridículo de diferença de idade estava começando a me dar nos nervos.
- Ahn… Eu entendo – gaguejei, afogando minhas recém-nascidas esperanças de um sábado menos solitário – Dê um abraço bem apertado em sua mãe por mim, mesmo que ela não saiba que eu existo.
- Pode deixar, amor – ele sorriu, e eu senti a pena por não poder me levar transparecer em sua voz – Tenho certeza de que ela gostaria muito de você se pudesse conhecê-la.
Não consegui responder nada, apenas sorri, sentindo-me subitamente deprimida. Eu estava fadada a passar o fim de semana inteiro dentro de casa, tomando litros de sorvete e vendo TV o dia todo, de pijamas e pantufas, enquanto minha melhor amiga reatava seu namoro, meu namorado visitava a mãe a sei lá quantos quilômetros de distância e o idiota do Aguiar comia a Maria até cansar. Tamanha exclusão parecia até castigo divino pelo excesso de companhia que tive no fim de semana anterior.
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