Sexta-feira. 07:45 da noite. Me vi sentada em minha cama, sozinha em casa e sem absolutamente nada para fazer. Não que eu fosse do tipo que gosta de ter tarefas o tempo todo, mas ultimamente eu estava me tornando adepta desse estilo de vida. Estar sempre ocupada impedia minha mente de vagar por terrenos proibidos… Ou pelo menos me ajudava a conter esse tipo de pensamento.
Suspirei profundamente, tentando pensar em algo para me ocupar, mas nada parecia surgir. Meus olhos passearam distraidamente pelo quarto por alguns minutos, e se fixaram no pequeno mural de fotos que se encontrava na parede oposta à cama. Observei minhas várias fotos com Sophia, algumas com Chay, outras com meus pais, e uma em especial me chamou a atenção.
Eu passava tão pouco tempo desocupada em meu quarto que mal me lembrava mais da existência daquela foto. O papel retangular exibia minha própria imagem, extremamente sorridente, e Mica ao meu lado, envolvendo meus ombros com um de seus braços fortes e dando aquele sorriso que agora eu conhecia tão bem, mas que na época se assemelhava a um sonho inatingível para mim. A foto era de minha formatura, há cerca de dois anos atrás, quando finalizei o ensino fundamental. Mica não dava aulas para minha turma ainda, mas graças ao nosso trabalho conjunto na olimpíada de biologia daquele ano, havíamos adquirido uma certa amizade, ainda dentro dos padrões acadêmicos. Bom, pelo menos para ele, porque àquela altura, eu já estava praticamente apaixonada por aqueles olhos pretos e sorriso encantador.
Suspirei novamente, refletindo sobre como minha vida havia mudado desde então. Naquela época, eu jamais diria que um dia teria algo além de um mero amor não correspondido por Mica; hoje, eu era nada mais, nada menos que sua namorada, mesmo que em segredo. Uma inesperada agulhada de remorso se manifestou em meu peito devido às falhas que eu cometera nesse novo papel que exercia na vida dele, e imediatamente me amaldiçoei por voltar a pensar no assunto que eu tentava evitar.
Soltei o terceiro suspiro cansado em menos de cinco minutos, me perguntando quando a passagem meteórica e inconseqüente de Arthur por minha vida deixaria de ser uma ferida aberta em mim. Sacudi levemente a cabeça, tentando inutilmente colocar minhas idéias no lugar, e por incrível que pareça, o movimento pareceu servir para alguma coisa: na mesma hora, achei algo para fazer. Como eu não havia pensado naquilo antes?
Peguei o telefone, disputando espaço sobre a cama entre meus bichos de pelúcia, e digitei o número que eu já sabia de cor, apesar de nunca tê-lo chamado antes. Aguardei até que a pessoa atendesse à minha ligação, me sentindo levemente ansiosa, apesar de saber que não havia necessidade daquilo, e meus olhos voltaram a se fixar na foto em meu mural assim que obtive uma resposta.
- Amor? – a voz masculina que sempre agia como um antídoto a todo e qualquer veneno que corresse em minhas veias falou, trazendo um sorriso para meu rosto, tão grande como o que eu ostentava na foto, ou talvez até maior.
- Oi – foi tudo que consegui responder, derretida, e levei alguns segundos para voltar a falar – Me desculpe por ligar assim, sem motivo aparente, mas é que… A saudade apertou.
– Te desculpar? Por que eu ficaria bravo com uma ligação sua? - Mica exclamou, com a voz fofa, e meu sorriso se intensificou, demonstrando o bem imediato que ele me trazia, mesmo com seus mais discretos gestos de alegria – Eu devo é te agradecer por ter lido minha mente… Tava pensando em você agora mesmo, sabia?
- Ah, é? – eu ri baixinho, abraçando debilmente meu Garfield de pelúcia como se Mica pudesse sentir meu carinho também – Eu também! Isso é bom… Eu acho.
A risada inconfundível dele ecoou do outro lado da linha, leve e reconfortante como uma manhã quente e ensolarada após um inverno rigoroso.
Suspirei profundamente, tentando pensar em algo para me ocupar, mas nada parecia surgir. Meus olhos passearam distraidamente pelo quarto por alguns minutos, e se fixaram no pequeno mural de fotos que se encontrava na parede oposta à cama. Observei minhas várias fotos com Sophia, algumas com Chay, outras com meus pais, e uma em especial me chamou a atenção.
Eu passava tão pouco tempo desocupada em meu quarto que mal me lembrava mais da existência daquela foto. O papel retangular exibia minha própria imagem, extremamente sorridente, e Mica ao meu lado, envolvendo meus ombros com um de seus braços fortes e dando aquele sorriso que agora eu conhecia tão bem, mas que na época se assemelhava a um sonho inatingível para mim. A foto era de minha formatura, há cerca de dois anos atrás, quando finalizei o ensino fundamental. Mica não dava aulas para minha turma ainda, mas graças ao nosso trabalho conjunto na olimpíada de biologia daquele ano, havíamos adquirido uma certa amizade, ainda dentro dos padrões acadêmicos. Bom, pelo menos para ele, porque àquela altura, eu já estava praticamente apaixonada por aqueles olhos pretos e sorriso encantador.
Suspirei novamente, refletindo sobre como minha vida havia mudado desde então. Naquela época, eu jamais diria que um dia teria algo além de um mero amor não correspondido por Mica; hoje, eu era nada mais, nada menos que sua namorada, mesmo que em segredo. Uma inesperada agulhada de remorso se manifestou em meu peito devido às falhas que eu cometera nesse novo papel que exercia na vida dele, e imediatamente me amaldiçoei por voltar a pensar no assunto que eu tentava evitar.
Soltei o terceiro suspiro cansado em menos de cinco minutos, me perguntando quando a passagem meteórica e inconseqüente de Arthur por minha vida deixaria de ser uma ferida aberta em mim. Sacudi levemente a cabeça, tentando inutilmente colocar minhas idéias no lugar, e por incrível que pareça, o movimento pareceu servir para alguma coisa: na mesma hora, achei algo para fazer. Como eu não havia pensado naquilo antes?
Peguei o telefone, disputando espaço sobre a cama entre meus bichos de pelúcia, e digitei o número que eu já sabia de cor, apesar de nunca tê-lo chamado antes. Aguardei até que a pessoa atendesse à minha ligação, me sentindo levemente ansiosa, apesar de saber que não havia necessidade daquilo, e meus olhos voltaram a se fixar na foto em meu mural assim que obtive uma resposta.
- Amor? – a voz masculina que sempre agia como um antídoto a todo e qualquer veneno que corresse em minhas veias falou, trazendo um sorriso para meu rosto, tão grande como o que eu ostentava na foto, ou talvez até maior.
- Oi – foi tudo que consegui responder, derretida, e levei alguns segundos para voltar a falar – Me desculpe por ligar assim, sem motivo aparente, mas é que… A saudade apertou.
– Te desculpar? Por que eu ficaria bravo com uma ligação sua? - Mica exclamou, com a voz fofa, e meu sorriso se intensificou, demonstrando o bem imediato que ele me trazia, mesmo com seus mais discretos gestos de alegria – Eu devo é te agradecer por ter lido minha mente… Tava pensando em você agora mesmo, sabia?
- Ah, é? – eu ri baixinho, abraçando debilmente meu Garfield de pelúcia como se Mica pudesse sentir meu carinho também – Eu também! Isso é bom… Eu acho.
A risada inconfundível dele ecoou do outro lado da linha, leve e reconfortante como uma manhã quente e ensolarada após um inverno rigoroso.
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