sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 7 / Parte 5 :

 
Te vejo lá em casa mais tarde? xx 

O sinal tocou, iniciando mais uma sexta-feira de aula, assim que eu bati os olhos naquela frase, e em questão de segundos um sorriso aliviado surgiu em meu rosto. Sei lá, acho que as frustrações da excursão de ontem e tudo que vinha dando errado na minha vida de uns dias pra cá estavam me deixando sufocada, e agora que existia uma pontinha de esperança nadando contra a maré de azar, foi impossível controlar o alívio. Ergui meu olhar do papel para Sophia, que ostentava uma expressão boba e maravilhada, e meu sorriso se abriu ainda mais. 
- Eu não falei que ele ia te chamar? – ela disse baixinho, e pela primeira vez em dois dias inteiros, eu consegui rir de verdade. Uma sensação de leveza percorria meu corpo, me fazendo querer rir e chorar ao mesmo tempo. Eu sabia que só porque ele tinha me chamado pra ir à casa dele não significava que tudo estava bem entre nós de novo, mas já era um começo, certo? 
Continuei sorrindo pra Sophia, que me abraçou de lado, e começamos a caminhar lentamente até o portão de entrada da escola. Pelo visto hoje o dia seria um pouco melhor do que os outros. Era tudo que eu queria e tudo que eu precisava. 

- Você vai, certo? – Sophia perguntou, com o olhar perdido, enquanto ouvíamos música no intervalo. 
- Claro que vou, tudo que eu quero é acabar com isso de uma vez por todas – respondi, observando um grupo de garotas do primeiro ano rirem escandalosamente por algum motivo que eu não estava interessada em saber. 
- E você vai contar tudo sobre o Aguiar também, certo? – ela disse, virando-se pra me encarar com a expressão firme. Assenti devagar, engolindo em seco, mas não consegui segurar as dúvidas que ocupavam minha mente. 
- Na verdade, eu não sei – falei, fechando os olhos e fazendo uma careta quando vi a cara de pânico que ela fez – Quer dizer, se nós conversarmos e ficar tudo bem, não vou nem querer lembrar que o Aguiar existe! 
Eu realmente não queria tocar no assunto Arthur Aguiar se tudo se acertasse como eu esperava. Ficar falando de outro homem, ainda mais de um que eu odiava e era melhor amigo dele, não era o que eu mais gostaria de fazer com Mica. Além do mais, o Aguiar tinha me feito um grande favor ontem, mesmo que daquele seu jeito idiota lifestyle, ou seja, parecia que ele estava tentando ser menos estúpido comigo depois que percebeu que eu também podia ser uma ameaça a ele. Seria mais fácil continuar a travar aquela briga por debaixo dos lençóis com o sr. Aguiar do que chutar o pau da barraca e talvez fazer Mica tomar alguma atitude precipitada ou arriscada. Eu realmente morria de medo da reação dele quando descobrisse a verdade sobre Arthur. 
- Roberta, deixa de ser idiota pelo menos uma vez na vida e me escuta! – ela exclamou, até desligando o iPod pra ser ouvida com clareza – Até quando você pretende continuar nessa de querer fingir que o Aguiar não existe e não significa perigo pra vocês dois, hein? Porque eu não sei se você já reparou, mas o sr. Borges não age assim, e na primeira abobrinha que oAguiar falar de você, tchau romance perfeito! 
- Eu sei, Sophia – suspirei, erguendo as sobrancelhas ainda de olhos fechados – Repetir isso não vai adiantar nada, eu pensei nesse assunto durante aquela maldita excursão inteira. 
- É mesmo? Pois então perdeu seu tempo, porque se sabe o que tem que fazer e até agora não tem certeza de que atitude vai tomar, não valeu a pena pensar tanto assim – ela retrucou, desviando seu olhar do meu com irritação. 
Um silêncio meio tenso tomou conta de nós, quebrado apenas pela música que Sophia voltou a colocar pra tocar no iPod. Nós duas observávamos as pessoas que andavam pelo pátio do colégio, e poucos minutos depois, reconheci o sr. Borges e o sr. Aguiar saindo da sala dos professores juntos. Fixei meu olhar neles, assim como Sophia, e vi os dois caminharem até a saída da escola para tomar lanche numa padaria que ficava na esquina, como sempre, sem nem sequer notar nossa existência ali perto. Pareciam compenetrados em algum assunto sério, pois ambos tinham a testa franzida e o olhar preocupado. Aquela preocupação que eu vi pela primeira vez ontem nos olhos do sr. Aguiar, que deixava seus olhos ainda mais intensos. Tá, isso não me interessa. 
- Sabe de uma coisa? – Sophia disse, quando eles sumiram de nossa visão, e eu me virei pra ela – Mesmo ele sendo o péssimo exemplo de ser humano que ele é, eu ainda acho que você devia agradecê-lo por ter afastado aquele cara de você ontem. 
Voltei a olhar na direção da rua, soltando o trilhonésimo suspiro preocupado em três dias. E sabe o que era o pior de tudo? Ela estava certa. Por mais cachorro que ele fosse, eu não podia negar que devia agradecimentos a Arthur Aguiar. 
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