- Tudo bem, professor – ela concordou, me lançando um olhar surpreso, e entrou no ônibus. O professor Aguiar passou uma mão pelos cabelos, usando sua técnica mais que aprovada de me tratar com indiferença, e eu apenas o ignorei, entrando no ônibus logo depois.
Me sentei num dos primeiros assentos, evitando me misturar demais com o povo fútil que provavelmente começaria uma bagunça no fundo do ônibus. Peguei meu iPod de dentro da bolsa e coloquei a primeira música mal educada que achei no volume máximo, com uma cara espontânea de poucos amigos. Talvez porque eu realmente não quisesse estar ali, num ônibus cheio de gente que eu odeio, rumo a um lugar distante, cheio de mato, terra e bichos. Talvez porque tudo que eu quisesse era estar com Mica e resolver as coisas entre nós, pra exterminar o aperto em meu peito que quase me sufocava.
Não demorou muito e o professor Araripe entrou no ônibus, acompanhado do Aguiar. Contaram rapidamente o número de pessoas, pra ter certeza de que todos estavam no ônibus, e assim que terminaram, fizeram sinal para que o motorista começasse a dirigir. Tirei um dos fones, entediada, para (infelizmente) ouvir o que o Aguiar estava dizendo enquanto o veículo andava os primeiros metros em direção à reserva.
- Tentem não se afastar do grupo, o local é enorme e bastante confuso, portanto todo cuidado é pouco – ele avisou, sério, e eu notei que seus olhos estavam especialmente castanhos hoje, talvez porque estivessem realçados pela blusa da mesma cor - Não se distraiam com os animais ou plantas exóticas que virem e prestem atenção nas explicações que os guias lhes darão, informações como aquelas não existem nos livros escolares. Qualquer problema, basta chamar o professor Araripe ou eu.
Mudo, o sr. Araripe apenas assentiu devagar para todos que o observavam, e os dois professores se encaminharam na direção de seus assentos. Que, por sinal, ficavam bem à minha frente. Eu já devia saber que aquela excursão seria ainda pior do que eu imaginava.
Coloquei os dois fones, batendo os pés de acordo com a bateria da música, e me contive a observar o céu nublado. Sem ter que aturar ninguém sentado no assento ao meu lado, silenciosamente ocupado pela minha mochila, não demorei muito tempo pra me distrair com os prédios e árvores que passavam rapidamente pela minha janela. Logo meu pensamento voou até Mica, e me peguei pensando no que ele devia estar fazendo àquela hora. Dando aula, provavelmente. Tentei evitar que minha mente criasse qualquer tipo de imagem da excursão do dia anterior, ou de Mica sendo consolado pela Juju, mas foi impossível. Deus, por que raios eu tinha que sentir ciúmes daquela mexerica desbotada? Ela ser bonita, atraente e um pouco viciada demais em testosterona definitivamente não deveriam ser razões preocupantes o suficiente.
Algum tempo depois, senti uma mão tocar meu ombro devagar, e pulei de susto. Olhei na direção da pessoa, e dei de cara com Arthur Aguiar. Tirei um dos fones contra a minha vontade e esperei ele falar.
- Trouxe celular, Messi?
Assenti, sentindo um gostoso perfume masculino invadir meus pulmões, e ignorei o fato de que só podia ser o dele.
- Pode me passar o número? – ele perguntou, parecendo um pouco decente pela primeira vez na vida - É pro caso de você se perder na reserva.
- Eu não vou me perder – respondi, sem muita vontade de dar meu número de celular pro Aguiar – Pode ter certeza.
- Mesmo assim, são normas da escola – ele insistiu, com um sorrisinho cordial, e eu tive que dar o número. Escolinha chata a minha, pelo amor de Deus. Assim que terminou de gravar meu número em seu celular, ele agradeceu rapidamente e voltou a se sentar ao lado do Araripe. Mas esqueceu de levar uma coisa com ele. A porcaria daquele perfume.
Odores a parte, continuei a ouvir música e pensar em qualquer coisa que passasse pela minha cabeça (lê-se: Micael Borges) por todo o trajeto. Pouco tempo depois de deixarmos a escola, uma chuva fina começou a cair, explicando o céu nublado que já durava dois dias. E pelas nuvens negras que pairavam mais à frente, o tempo não melhoraria tão cedo.
- Pessoal, chegamos à reserva ambiental - o professor Aguiar disse algumas horas depois, enquanto o motorista entrava num grande estacionamento e eu guardava meu iPod na mochila – Antes de sair, peguem as capas de chuva que trouxemos devido ao tempo chuvoso que estava previsto pra hoje. Eu vou distribuí-las na porta do ônibus.
Me sentei num dos primeiros assentos, evitando me misturar demais com o povo fútil que provavelmente começaria uma bagunça no fundo do ônibus. Peguei meu iPod de dentro da bolsa e coloquei a primeira música mal educada que achei no volume máximo, com uma cara espontânea de poucos amigos. Talvez porque eu realmente não quisesse estar ali, num ônibus cheio de gente que eu odeio, rumo a um lugar distante, cheio de mato, terra e bichos. Talvez porque tudo que eu quisesse era estar com Mica e resolver as coisas entre nós, pra exterminar o aperto em meu peito que quase me sufocava.
Não demorou muito e o professor Araripe entrou no ônibus, acompanhado do Aguiar. Contaram rapidamente o número de pessoas, pra ter certeza de que todos estavam no ônibus, e assim que terminaram, fizeram sinal para que o motorista começasse a dirigir. Tirei um dos fones, entediada, para (infelizmente) ouvir o que o Aguiar estava dizendo enquanto o veículo andava os primeiros metros em direção à reserva.
- Tentem não se afastar do grupo, o local é enorme e bastante confuso, portanto todo cuidado é pouco – ele avisou, sério, e eu notei que seus olhos estavam especialmente castanhos hoje, talvez porque estivessem realçados pela blusa da mesma cor - Não se distraiam com os animais ou plantas exóticas que virem e prestem atenção nas explicações que os guias lhes darão, informações como aquelas não existem nos livros escolares. Qualquer problema, basta chamar o professor Araripe ou eu.
Mudo, o sr. Araripe apenas assentiu devagar para todos que o observavam, e os dois professores se encaminharam na direção de seus assentos. Que, por sinal, ficavam bem à minha frente. Eu já devia saber que aquela excursão seria ainda pior do que eu imaginava.
Coloquei os dois fones, batendo os pés de acordo com a bateria da música, e me contive a observar o céu nublado. Sem ter que aturar ninguém sentado no assento ao meu lado, silenciosamente ocupado pela minha mochila, não demorei muito tempo pra me distrair com os prédios e árvores que passavam rapidamente pela minha janela. Logo meu pensamento voou até Mica, e me peguei pensando no que ele devia estar fazendo àquela hora. Dando aula, provavelmente. Tentei evitar que minha mente criasse qualquer tipo de imagem da excursão do dia anterior, ou de Mica sendo consolado pela Juju, mas foi impossível. Deus, por que raios eu tinha que sentir ciúmes daquela mexerica desbotada? Ela ser bonita, atraente e um pouco viciada demais em testosterona definitivamente não deveriam ser razões preocupantes o suficiente.
Algum tempo depois, senti uma mão tocar meu ombro devagar, e pulei de susto. Olhei na direção da pessoa, e dei de cara com Arthur Aguiar. Tirei um dos fones contra a minha vontade e esperei ele falar.
- Trouxe celular, Messi?
Assenti, sentindo um gostoso perfume masculino invadir meus pulmões, e ignorei o fato de que só podia ser o dele.
- Pode me passar o número? – ele perguntou, parecendo um pouco decente pela primeira vez na vida - É pro caso de você se perder na reserva.
- Eu não vou me perder – respondi, sem muita vontade de dar meu número de celular pro Aguiar – Pode ter certeza.
- Mesmo assim, são normas da escola – ele insistiu, com um sorrisinho cordial, e eu tive que dar o número. Escolinha chata a minha, pelo amor de Deus. Assim que terminou de gravar meu número em seu celular, ele agradeceu rapidamente e voltou a se sentar ao lado do Araripe. Mas esqueceu de levar uma coisa com ele. A porcaria daquele perfume.
Odores a parte, continuei a ouvir música e pensar em qualquer coisa que passasse pela minha cabeça (lê-se: Micael Borges) por todo o trajeto. Pouco tempo depois de deixarmos a escola, uma chuva fina começou a cair, explicando o céu nublado que já durava dois dias. E pelas nuvens negras que pairavam mais à frente, o tempo não melhoraria tão cedo.
- Pessoal, chegamos à reserva ambiental - o professor Aguiar disse algumas horas depois, enquanto o motorista entrava num grande estacionamento e eu guardava meu iPod na mochila – Antes de sair, peguem as capas de chuva que trouxemos devido ao tempo chuvoso que estava previsto pra hoje. Eu vou distribuí-las na porta do ônibus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário