- Você vai mesmo amanhã? – ouvi Sophia perguntar, na hora da saída, e assenti devagar, observando os carros que passavam. Não tinha como não encarar o carro vazio de Mica, estacionado no lugar de sempre, e não querer que ele subitamente saísse da escola, com seu sorriso habitual, e atravessasse a rua naquela direção.
- Tem certeza de que não vai mesmo poder ir? – suspirei, olhando pra ela com cara de nada – Ter alguém com quem conversar ia me fazer bem… Eu acho.
- Não, minha mãe não quer que eu vá e acabe sendo atacada por mosquitos do tamanho de azeitonas ou coisas do tipo – Sophia respondeu, cruzando os braços e revirando os olhos – Você conhece minha mãe, super protetora até a medula.
Não deu pra não rir um pouquinho com aquele comentário mais do que verdadeiro. A sra. Abrahão costumava ser bem enérgica quando o assunto era proteger Sophia.
- Que exagero, mosquitos do tamanho de azeitonas só existem na África – chutei, com um sorriso fraco no rosto.
- Eu sei disso, mas minha mãe não sabe – Sophia resmungou, um pouco irritada – Já tentou dizer isso a ela? Vai entrar por um ouvido, ela até vai fingir pensar no seu caso, e depois vai sair pelo outro lado.
Ri mais um pouco, e ela logo caiu no riso comigo. Só ela mesmo pra me fazer rir naquele estado deplorável no qual eu me encontrava por dentro.
- Você falou com o Borges hoje? – ela murmurou, voltando a ficar séria, e senti meu estômago revirar. Eu tinha telefonado pra ela na tarde anterior e tinha contado tudo que tinha acontecido depois da aula de teoria. Sophia concordou comigo, e disse que eu devia contar tudo que o Aguiar tinha aprontado, mesmo correndo o risco de Mica não acreditar em mim. Durante o resto do dia, fiquei pensando no que deveria fazer, e decidi que iria seguir o conselho dela. Só não tive a oportunidade de conversar com ele ainda.
- Não – respondi, sem olhar pra ela – Ele tá na excursão hoje, lembra?
- E amanhã é a sua – Sophia disse, e eu pude sentir seu olhar tristonho sobre mim – Você vai à casa dele nessa sexta?
- Só vou se ele me chamar – falei, dando de ombros tristemente - Não vou simplesmente aparecer sem ter sido convidada.
Desde a primeira vez em que fui à casa dele, não tinha deixado de passar as tardes de sexta-feira lá uma vez sequer, nem que fosse pra ajudá-lo com a correção de algumas provas e trabalhos enquanto conversávamos. Talvez essa fosse ser a primeira vez em que não nos veríamos, e era tudo culpa da minha imaturidade. Palmas pra mim.
- Eu acho que ele vai te chamar sim – Sophia me encorajou, deitando sua cabeça em meu ombro de um jeito carinhoso e até um pouco engraçado – No mínimo pra vocês se resolverem.
- Assim espero – sorri fraco, olhando vagamente os carros que passavam pela rua, com o pensamento a algumas horas de distância dali.
- Roberta Messi!
Ergui minha mão assim que a diretora berrou meu nome no microfone, entediada e com todos os tipos de sentimentos negativos em relação àquela excursão idiota. Me senti ainda pior quando o professor Araripe, com sua usual cara de quem tinha estrume de vaca debaixo do nariz, indicou que eu já podia ir para o ônibus com um aceno de mão. Ajeitando minha pequena mochila no ombro, andei vagarosamente até o veículo, como se eu pudesse evitar aquela tortura se andasse devagar. Como eu era tosca algumas vezes.
- Eu já mandei você escolher um lugar e se sentar, Maria – ouvi uma voz murmurar assim que me aproximei do ônibus, e quando cheguei à porta, vi o professor Aguiar e a Maria conversando a uma distância menor do que a recomendada. E pela cara de dor de barriga dela, o clima não era dos melhores.
- Tem certeza de que não vai mesmo poder ir? – suspirei, olhando pra ela com cara de nada – Ter alguém com quem conversar ia me fazer bem… Eu acho.
- Não, minha mãe não quer que eu vá e acabe sendo atacada por mosquitos do tamanho de azeitonas ou coisas do tipo – Sophia respondeu, cruzando os braços e revirando os olhos – Você conhece minha mãe, super protetora até a medula.
Não deu pra não rir um pouquinho com aquele comentário mais do que verdadeiro. A sra. Abrahão costumava ser bem enérgica quando o assunto era proteger Sophia.
- Que exagero, mosquitos do tamanho de azeitonas só existem na África – chutei, com um sorriso fraco no rosto.
- Eu sei disso, mas minha mãe não sabe – Sophia resmungou, um pouco irritada – Já tentou dizer isso a ela? Vai entrar por um ouvido, ela até vai fingir pensar no seu caso, e depois vai sair pelo outro lado.
Ri mais um pouco, e ela logo caiu no riso comigo. Só ela mesmo pra me fazer rir naquele estado deplorável no qual eu me encontrava por dentro.
- Você falou com o Borges hoje? – ela murmurou, voltando a ficar séria, e senti meu estômago revirar. Eu tinha telefonado pra ela na tarde anterior e tinha contado tudo que tinha acontecido depois da aula de teoria. Sophia concordou comigo, e disse que eu devia contar tudo que o Aguiar tinha aprontado, mesmo correndo o risco de Mica não acreditar em mim. Durante o resto do dia, fiquei pensando no que deveria fazer, e decidi que iria seguir o conselho dela. Só não tive a oportunidade de conversar com ele ainda.
- Não – respondi, sem olhar pra ela – Ele tá na excursão hoje, lembra?
- E amanhã é a sua – Sophia disse, e eu pude sentir seu olhar tristonho sobre mim – Você vai à casa dele nessa sexta?
- Só vou se ele me chamar – falei, dando de ombros tristemente - Não vou simplesmente aparecer sem ter sido convidada.
Desde a primeira vez em que fui à casa dele, não tinha deixado de passar as tardes de sexta-feira lá uma vez sequer, nem que fosse pra ajudá-lo com a correção de algumas provas e trabalhos enquanto conversávamos. Talvez essa fosse ser a primeira vez em que não nos veríamos, e era tudo culpa da minha imaturidade. Palmas pra mim.
- Eu acho que ele vai te chamar sim – Sophia me encorajou, deitando sua cabeça em meu ombro de um jeito carinhoso e até um pouco engraçado – No mínimo pra vocês se resolverem.
- Assim espero – sorri fraco, olhando vagamente os carros que passavam pela rua, com o pensamento a algumas horas de distância dali.
- Roberta Messi!
Ergui minha mão assim que a diretora berrou meu nome no microfone, entediada e com todos os tipos de sentimentos negativos em relação àquela excursão idiota. Me senti ainda pior quando o professor Araripe, com sua usual cara de quem tinha estrume de vaca debaixo do nariz, indicou que eu já podia ir para o ônibus com um aceno de mão. Ajeitando minha pequena mochila no ombro, andei vagarosamente até o veículo, como se eu pudesse evitar aquela tortura se andasse devagar. Como eu era tosca algumas vezes.
- Eu já mandei você escolher um lugar e se sentar, Maria – ouvi uma voz murmurar assim que me aproximei do ônibus, e quando cheguei à porta, vi o professor Aguiar e a Maria conversando a uma distância menor do que a recomendada. E pela cara de dor de barriga dela, o clima não era dos melhores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário