quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 20 / Parte 3 :

Dedos se enroscavam em meus cabelos lentamente, fazendo um carinho gostoso no topo de minha cabeça. Um sorriso tímido surgiu em meu rosto; eu podia sentir meus lábios se curvando apesar de ainda estar dormindo. Respirei fundo, apenas aproveitando o toque dos dedos quentes em minha cabeça, e abri os olhos lentamente. Tudo o que vi foi… Vermelho? 
- Te acordei? – um sussurro ecoou pelo quarto, me fazendo pular de susto e olhar na direção da voz. Em meio a todo o vermelho que ocupava minha visão, os olhos pretos de Mica entraram em foco, um tanto quanto aflitos. 
- Não, eu… Nossa, Mica, como você está? – suspirei, em choque, só então me dando conta de que todo aquele vermelho era nada mais, nada menos que a pele dele, contrastando vigorosamente contra o branco dos lençóis. 
- Bem – ele respondeu, acompanhando meu olhar como se aquele fosse seu estado dermatológico normal - Só… Arde um pouco, e faz frio ao mesmo tempo. Chega a ser engraçado. 
- Não, Mica, não é nem um pouco engraçado – gemi baixinho, me sentando na cama – Olhe só pra você… Eu não acredito que te deixei chegar a esse ponto. 
- Roberta, você não teve culpa de nada – ele negou, franzindo levemente a testa em sinal de indignação – Eu é que devia ter tomado mais cuidado. Além do mais, você não tem a obrigação de cuidar de mim. 
- Claro que tenho – retruquei, encarando-o com seriedade – Não é só porque eu sou mais nova que devo me esquecer de ter responsabilidades. 
- Pare de se culpar pelo meu bronzeado, senão eu levanto daqui agora mesmo e vou tomar mais sol – Mica resmungou, me fazendo sorrir de leve alguns segundos depois. Olhei pra ele, que também sorria, só que ainda mantinha alguns traços de sua falsa expressão séria no rosto, e balancei negativamente a cabeça. 
- Seu bobo – murmurei, sentindo meus olhos ameaçarem lacrimejar diante da fofura dele, mas engoli o choro e não fugi de seu olhar. 
- Eu também te amo – ele riu, mostrando a língua logo depois – Agora vamos mudar de assunto, estou me sentindo um paciente terminal desse jeito. 
- Desculpe por me preocupar com você – brinquei, fingindo desprezo – Não tenho culpa por ter calafrios só de te ver rosa desse jeito. 
- Ah, vai dizer que eu não estou sexy assim, todo fogoso? – Mica brincou, fazendo cara de gigolô, e eu por pouco não dei um tapa em seu braço, acostumada a demonstrar minhas reações às suas piadas com uma certa violência. 
Assim que nosso riso cessou, um sorriso permaneceu em meu rosto, sem que eu me desse conta disso. Mica me imitou involuntariamente, me fazendo alargar ainda mais meu sorriso, e logo eu já estava sorrindo abertamente, como se não houvesse motivos no mundo para derrubar uma lágrima sequer. Ele acariciou minhas bochechas sutilmente, e logo depois eu aproximei meu rosto do seu, dando-lhe um leve selinho, que sem querer se transformou num beijo mais intenso. 
- Ai, desculpa! – implorei, quando a pele extremamente quente de seu peito entrou em contato com a palma de minha mão por uma fração de segundo, fazendo-o contrair os músculos da região em sinal de dor – Tá ardendo muito? 
- Não, tudo bem, já… Já passou – ele gaguejou, com os olhos fechados enquanto a marca amarelada de minha mão em seu peito tornava-se gradativamente vermelha de novo. Mica voltou a me olhar, com a expressão ainda levemente sofrida, e eu mordi meu lábio inferior, esquecendo-me novamente de meu machucado nesse local. Dessa vez, não consegui conter um gemido de dor, o que o fez notar o corte e olhar com certo interesse para ele. 
- Acho que também peguei sol demais – expliquei, com cuidado para não tropeçar nas palavras devido ao nervosismo – Minha boca tá toda rachada. 

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