terça-feira, 20 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 17 / Parte 4 :

- O que você veio fazer aqui? – perguntei, ainda com esperanças de que aquilo fosse uma ilusão, e minha voz saiu um pouco mais alta que um sussurro. Eu suava frio, sentia meu equilíbrio vacilar, e contínuos arrepios percorriam minha espinha a cada segundo que se passava e ele não sumia, como uma alucinação normal deveria fazer. 
- Vim verificar se estão cuidando direito da minha casa – ele respondeu, erguendo as sobrancelhas num tom divertido – Fiquei com medo de que você e o Borges acabassem me dando prejuízos materiais com toda a sua… 
Agressividade, se é que você me entende. 
Arthur deu um risinho desdenhoso, me encarando daquela forma invasiva, e eu tentei retribuí-lo com firmeza. Em vão, óbvio. 
- Mentira – foi tudo que consegui rosnar, sentindo necessidade de dar um passo para trás assim que ele avançou na minha direção, mas meus pés não se moveram. Assim como Mica me alegrava instantaneamente, Arthur parecia me paralisar. 
- Nossa, mas que falta de educação – ele murmurou, cínico, aproximando-se cada vez mais de mim – Eu cedo a minha própria casa pra você e seu namorado passarem o fim de semana e tudo que eu recebo em troca são ofensas? Você é mesmo surpreendente. 
Arthur ameaçou acariciar meu rosto, mas eu fui mais rápida, e num impulso de sanidade, dei um tapa em sua mão. 
- Você não vai tocar em mim – falei, tentando parecer ameaçadora, mas o máximo que pareci foi frouxa. Nem eu tinha certeza das palavras que saíam de minha boca quando ele estava tão próximo. 
- Desculpe te contrariar, mas… – ele sussurrou, aproximando-se ainda mais de mim e envolvendo meu quadril com uma de suas mãos, sem encontrar resistência de minha parte devido à pane em meu cérebro – 
Eu vou sim. 
Fugindo do olhar dele, abaixei meus olhos na direção de sua mão, que me puxava sorrateiramente mais pra perto dele. Seu hálito já batia em meu rosto, quente e extremamente convidativo, e sentindo meu sangue ferver dentro das veias, fechei os olhos devagar, entorpecida. Senti a outra mão dele cobrir todo o lado de meu pescoço, mantendo seu polegar em minha bochecha, e num último sopro de resistência, implorei: 
- Por favor, não… 
- Eu não vou fazer nada que você não queira – ele sussurrou, roçando a ponta de seu nariz no meu lentamente, e subitamente paralisou, soltando um risinho baixo – Mas me provocar com morangos já é tentação demais. 
Abri os olhos, me perguntando como ele sabia, e logo descobri: meu hálito. No mesmo instante, senti um remorso enorme por ter encarado aqueles olhos castanhos tão de perto, porque no segundo seguinte, a única palavra que passava pela minha cabeça enquanto eu deixava que ele me beijasse era: 
Droga. 
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->

Nenhum comentário:

Postar um comentário