terça-feira, 20 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 17 / Parte 3 :

Abri os olhos, sentindo meu corpo suar frio e o ar me faltar. Encarei o teto escuro, semelhante ao céu lá fora, e olhei na direção do relógio do criado-mudo: três e quarenta e oito. Com os músculos retesados, voltei a deitar minha cabeça no travesseiro, esfregando meu rosto úmido com a palma da mão. Tudo estava tão bem, por que eu continuava tendo aqueles sonhos? Por que eu não conseguia tirá-lo do meu subconsciente, nem mesmo após todos os momentos com Mica? Por que nem dormir eu conseguia sem que a imagem de Arthur me assombrasse? 
Olhei para o lado e me deparei com as costas largas de Mica, que dormia feito um bebê. Aquele ali só acordaria de manhã, sem dúvida. Sorri fraco, sem conseguir conter a onda de felicidade que ele me trazia, mas minha falta de ar e tremedeira ainda eram mais fortes que seu efeito calmante. 
Me levantei, caçando minha calcinha e pegando minha camisola de seda lilás que estava na mochila, e as vesti para ir à cozinha beber um copo d’água. Talvez aquilo me ajudasse a dormir novamente. Dei um nó frouxo em meu cabelo, sentindo a brisa que vinha da janela refrescar minhas costas enquanto eu me esgueirava pra fora do quarto. 
Após alguns minutos de busca, finalmente encontrei o armário de copos. Abri a geladeira, sedenta, e tudo que encontrei foram duas garrafas de água em meio a garrafas de champanhe.
Muitas garrafas de champanhe. E no meio delas, uma vasilha transparente transbordando morangos. Morangos extremamente enormes, vermelhos e suculentos. 
Mordi meu lábio inferior, sentindo minha saliva entrar em processo de superprodução, e não resisti: roubei um dos morangos da vasilha e lavei-o rapidamente antes de mordê-lo. Não sei se era a fome, já que eu não comia nada desde o almoço, ou se era fato, mas aquele era, sem dúvida, um dos melhores morangos que eu já tinha provado. Nem parecia real. Aliás, nada naquela casa parecia real, nem a própria casa me parecia real. Tudo era perfeito demais, absurdamente lindo. 
Não demorou muito e eu estava sentada sobre a pia, com a vasilha de morangos no colo e um copo cheio d’água ao meu lado (que só não era champanhe porque se começasse a beber, não conseguiria parar mais, e eu não pretendia ficar com dor de cabeça no dia seguinte), observando vagamente os detalhes da cozinha. Se um dia eu conseguisse enriquecer, pediria permissão ao Aguiar para fotografar aquela casa e faria tudo igual na minha, sem tirar nem por. Durante meus devaneios sobre o futuro (e infelizmente sobre o Aguiar também), um barulho desviou minha atenção. Virei a cabeça muito mais depressa que o aconselhável na direção do barulho, que continuou, e continuou, cada vez mais alto, e percebi que ele vinha da rua queMica pegou para chegarmos à casa. 
Franzi a testa, sentindo meu coração acelerar de medo, e escorreguei de cima da pia num salto, deixando os morangos sobre ela. Um ronco de motor cada vez mais próximo a cada passo meu em direção à porta me fez quase correr para abri-la logo. Por um segundo, as batidas aceleradas de meu coração não foram movidas pelo medo, e sim, pela euforia. Porque nesse mesmo segundo, pude jurar que conhecia aquele ronco de motor. 
Abri a grande porta de entrada, e quase caí pra trás quando vi o segundo carro sendo estacionado ao lado do veículo de Mica na frente da casa. Uma Ferrari vermelha contrastava com a escuridão da noite, reluzindo imponentemente mesmo com a falta de iluminação. Meus olhos demoraram a aceitar que aquilo não era uma visão, muito menos quando o dono daquele carro e também daquela casa saiu de dentro da Ferrari, divinamente estiloso e maravilhoso com uma blusa pólo preta que realçava a largura de seus ombros e calça jeans. Ele caminhou até a porta, observando o exterior da casa com interesse, e assim que me viu, parou a alguns passos de mim. 
- Sinceramente, eu não esperava essa recepção, Messi – Arthur sorriu, alguns segundos depois, parecendo levemente surpreso. Ele lançou um significativo olhar para as minhas pernas, e aquele sorriso pervertido que me perturbava apareceu em seus lábios. Segui seu olhar com o meu, puxando rápida e inutilmente a camisola mais pra baixo, enquanto a amaldiçoava por ser tão curta e mal cobrir a metade superior de minhas coxas. 
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