quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 10 / Parte 6 :

 
Acordei no dia seguinte com a sensação de que tinha acabado de pegar no sono. Após um longo dia de explicações e adaptações dos verdadeiros acontecimentos pra minha mãe, que estava aflita me esperando chegar, eu passei a noite inteira rolando na cama, inquieta. Nada parecia fazer sentido, nada parecia ser coerente, tudo estava desconexo, bagunçado, confuso. Por mais que eu tentasse compreender a insistente culpa dentro de mim, não conseguia encontrar uma explicação que prestasse. 
Me levantei antes mesmo que o relógio despertasse, anunciando que eram 6 da manhã de segunda-feira, e fui tomar banho, com a falsa crença de que uma ducha quente fosse melhorar meu humor. Uns trinta minutos depois, eu já estava me vestindo desanimadamente, e logo depois penteando meus cabelos, de frente pro espelho. Assim que terminei, encarei meus próprios olhos, cansados pela noite em claro, e decidi que ia terminar com aquela angústia. Eu precisava pedir desculpas a ele, precisava pelo menos tentar. Só assim eu conseguiria afastar aquele mal estar de mim. 
Tomei meu café-da-manhã em silêncio, só respondendo uma coisa ou outra quando mamãe perguntava, e logo estávamos estacionando na frente da escola. Um arrepio percorreu minha espinha enquanto caminhava pela entrada do colégio, e meus olhos logo encontraram uma Sophia tensa me encarando de volta. 
- Oi, Roberta – ela murmurou, com um sorriso triste, e me abraçou carinhosamente. Ela sabia sobre a festa no sábado, eu tinha lhe contado tudo por telefone no dia anterior. Bem, quase tudo, só preferi deixar de lado a parte que envolvia meu comportamento estranhamente triste por causa do Aguiar. 
- Parece que eu não te vejo há anos – suspirei, abraçando-a com mais força. 
- É mesmo – ela concordou, se afastando alguns segundos depois pra poder me olhar – Você tá tão abatida… Tem certeza de que está bem? 
- Tenho – menti, empurrando a verdade garganta abaixo – Só tô um pouco cansada. 
Nos sentamos em nosso lugar de sempre, esperando até que o sinal tocasse, e senti Sophia me cutucar discretamente enquanto conversávamos. Me virei na direção que ela me indicou, e só quando meu olhar encontrou o dele, me lembrei de que Mica existia. Me senti estranha quando ele sorriu pra mim, especialmente radiante como em toda segunda-feira, e tudo que consegui fazer foi esboçar um sorriso fraco de volta. Senti como se não merecesse aquele sorriso dele. 
- Bom dia, Abrahão - ele cumprimentou quando passou por nós, como sempre fazia, e logo depois se dirigindo a mim e abaixando seu tom de voz – Bom dia, pequena. 
- Bom dia – gaguejei, mal conseguindo sustentar seu olhar alegre. Parecendo alheio a qualquer sinal de tristeza meu, Mica seguiu até a sala dos professores, e assim que o vi fechar a porta atrás de si e sumir, soltei o ar que estava preso em meus pulmões, finalmente relaxando. 
- Você vai contar a ele? – ouvi a voz cuidadosa de Sophia perguntar, e apenas fiz que não com a cabeça, sem olhá-la. Contar a Mica o que quer que fosse não estava nos meus planos, ele não merecia saber das ameaças de Maria, muito menos de nada que se passava na minha mente. Não queria ser injustamente cruel com mais alguém. 

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