terça-feira, 29 de novembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 2 / Parte 2 :


- Bom dia, classe – a professora Juju disse, ao chegar na sala, e assim que passou pela porta, deu uma boa olhada pro grupo de atletas da classe, que retribuíram seu olhar da mesma forma. A srta. Juju era nossa professora de inglês, consagrada na escola por seu ótimo método de ensino e elaboração de atividades extracurriculares bem sucedidas. Atividades essas que incluíam, claro, pegações com alunos. Não devia ser fácil agüentar aquele monte de testosterona fresquinha provocando-a no auge de seus 25 anos. Loira, alta e invejada da cabeça aos pés, ela parecia uma modelo, e segundo as más línguas, um certo professor morria de amores por ela. 
Ele mesmo. Micael Borges. Eu nem tenho vontade de dar uma voadora nela quando vejo os dois conversando pelos corredores, sabe. 
Voltando aos fatos, a srta. Juju logo começou a passar matéria, e como eu era meio lerda pra copiar, já comecei a escrever. Após quinze minutos e uma lousa cheia de matéria, a professora se sentou em sua cadeira e de lá ficou observando os idiotas musculosos que sentavam no fundão e riam de alguma besteira que algum deles tinha falado. Sobre futebol, claro, porque era o único assunto do qual eles entendiam alguma coisa a ponto de rirem de alguma piada a respeito. 
Eu particularmente não via nada de mais nessa srta. Juju. Por mais que ela fosse linda e aparentemente simpática, alguma coisa nela me incomodava. Fora o fato de que ela podia ter o sr. Borges ajoelhado aos seus pés quando quisesse. Não sei, meu santo não batia muito com o dela, acho que era isso. 
- Com licença, Juju – ouvi uma voz conhecida falar da porta, e quando ergui meu olhar da folha, dei de cara com o último professor que queria ver. 
- Entra, Aguiar – ela sorriu, toda gentil, e ele logo caminhou até ela, ficando de frente pra classe. 
- Eu tenho um recado pra dar – ele disse, e todos pararam de copiar pra ouvi-lo (menos eu) – Os alunos que estão de recuperação em biologia laboratório farão a prova na última aula de hoje. Procurem o professor Guto e façam a prova na classe onde ele estiver. 
Quando ergui meu olhar pra lousa, tentando continuar copiando sem ligar pra ninguém ao meu redor, notei que todos me olhavam. Lancei olhares incomodados pro lado, e encarei o professor Aguiar, que devolvia meu olhar de um jeito furioso. Sua camiseta branca meio colada ao corpo me distraiu por alguns milésimos de segundo, até que eu bati os olhos em seu antebraço. Havia um curativo nele, bem onde eu o tinha machucado com a caneta ontem. Fiz aquela legítima cara disfarçada de ‘se fodeu’, e comecei a balançar uma caneta entre meus dedos, num sinal claro de que se ele resolvesse aprontar alguma, eu ainda tinha várias canetas de ponta fina pra enfiar onde eu bem entendesse nele. 
Captando a mensagem, ele logo tratou de sair da classe, agradecendo a professora Juju. Segurei muito uma gargalhada e continuei copiando, com um sorriso maligno no rosto. Canetas de ponta fina eram ótimas aliadas na luta contra professores desagradáveis, dica. 
Naquele dia, fiz a prova de recuperação na aula do Guto, nosso professor de história, sem problemas. Como a sala em que ele estava ficava no quinto andar, resolvi chamar o elevador pra descer e ir embora. Pode me chamar de sedentária, eu deixo. Assim que o elevador chegou e a porta se abriu, dei de cara com a cena mais confusa do meu dia. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário