terça-feira, 29 de novembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 2 / Parte 1 :



Capítulo 02

Parei em frente à porta do laboratório de biologia, recuperando o fôlego perdido ao subir seis lances de escada em trinta segundos. E também respirando fundo pra agüentar alguns minutos com aquele ignorante do Aguiar. 
- Tá enrolando aí por que, Messi? – ouvi aquela voz irritantemente metida perguntar, logo que soltei meu último suspiro derrotado – Não sei você, mas eu não tenho o dia todo. 
Não vou nem comentar de quantas maneiras e com quantas palavras diferentes eu o xinguei mentalmente antes de girar a maçaneta de um jeito grosseiro e entrar na sala. Sentei no banco mais afastado possível dele e coloquei meu estojo sobre a bancada, sem nem olhar pro verme todo esparramado em sua cadeira. Enrolando pra pegar minha caneta dentro do estojo, tudo pra não ter que encará-lo, não pude deixar de notar um sorrisinho ridículo em seu rosto. 
- Estudou? – aquela voz repugnante perguntou, se achando o maioral como sempre. Como se eu precisasse, e como se eu tivesse tido tempo de estudar em quarenta minutos. 
- Eu não sei o senhor, mas eu não tenho o dia todo – respondi, mal educada, ainda sem encará-lo – Então seria ótimo se o senhor me entregasse a prova de uma vez. 
Sem nada pra responder, óbvio, e com a maior cara de macarrão sem molho, ele se levantou e veio na minha direção com a prova nas mãos. Parou bem atrás de mim, e apoiou seus braços no balcão, um de cada lado do meu corpo. 
- Você deve achar mesmo que eu não vou com a sua cara. 
Ignorei aquela frase desnecessária, me encolhendo pra diminuir a proximidade entre nós, e arranquei a prova que estava debaixo de sua mão. Comecei a preencher o cabeçalho, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, senti seu hálito quente bem próximo ao meu ouvido. 
- E isso me deixa cada vez mais fissurado em você. 
Parei de escrever, e uma onda de medo tomou conta de mim. Abri a boca pra falar umas poucas e boas pra ele, mas fui impedida por seu braço, que logo me abraçou pela cintura com firmeza e fez meu pânico aumentar. 
- Me solta! – exclamei, e sem pensar, enfiei minha caneta de ponta fina em seu braço. Na mesma hora, ele soltou o ar pesadamente, tentando não gritar de dor, e se afastou. Peguei meu estojo, desesperada, e a última coisa que vi antes de sair do laboratório, com as pernas bambas de pavor, foi ele arrancando a caneta que estava fincada em seu braço. 

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