Puxei Thur pelo colarinho ao ouvir o barulho das portas do elevador se abrindo. Cambaleei para trás em busca de algum móvel, e ri contra os lábios dele ao tropeçar em meus próprios pés, já um pouco alegre devido ao álcool. Prático como sempre, ele passou um braço por trás de meus joelhos, carregando-me como recém-casados (bêbados) através da sala escura de seu apartamento. Balancei as pernas e joguei a cabeça para trás por um momento, curtindo a sensação de estar me movendo sem tocar o chão.
- Sabe do que eu lembrei agora? – Thur perguntou ao pé de meu ouvido, parando à frente do sofá e sentando-se nele, comigo sobre suas pernas – Daquela vez em que eu te trouxe aqui e tive que te carregar até o elevador.
- Aquele dia foi bem tenso – comentei, abraçando-o pelo pescoço e desfazendo-me de meus sapatos – E um dos que mais me marcaram, sabia?
- É verdade – ele concordou, dando um sorriso enviesado enquanto alcançava o zíper de meu vestido e buscava minha boca com a sua – Mas a casa de praia me marcou mais que todos.
- Todos me marcaram de um jeito ou de outro – confessei contra seus lábios, tirando sua gravata borboleta e desabotoando sua camisa – Sem eles, eu não estaria feliz como estou hoje.
- Sem eles, eu não estaria feliz como nunca estive antes – ele repetiu, adaptando minha frase e mordendo meu lábio inferior – E quem diria, comprometido!
Ri baixo de sua contradição, esfregando levemente a ponta de meu nariz no dele antes de beijá-lo com calma. A palavra comprometido naquele contexto, confesso, me agradava muito.
- Pode ser que não dure pra sempre, como a Maria disse – soprei, encarando-o de pertinho com um sorriso bobo – Mas isso não significa que não possa ser intenso e verdadeiro.
- Já é intenso e verdadeiro – Thur afirmou, me olhando profundamente conforme descia devagar o zíper de meu vestido por toda a extensão de minhas costas – E mesmo que um dia termine, vai ser eterno na nossa memória.
- Vai mesmo – concordei, acariciando seu tronco por debaixo da camisa já aberta e me arrepiando com sua pele quente, como de costume.
- Pode ser que eu me arrependa de ter dito isso amanhã, mas hoje eu quero dizer e que se dane o depois – ele resmungou de olhos fechados, dedilhando minhas costas agora nuas com o mesmo carinho de sua voz ao voltar a falar – Eu… Nossa, como eu queria ter sido o primeiro. A te beijar, a te fazer carinho, a dormir enroscado em você… O primeiro em tudo.
Levei minhas mãos até seu rosto e o acariciei lentamente, sem palavras. Thur abriu os olhos, revelando muita sinceridade neles, e tudo que fui capaz de fazer foi sorrir feito uma idiota.
- Não ligue pros meus olhos marejados, é o álcool – murmurei, fungando baixo ao notar minha visão embaçada e recebendo um risinho tímido como resposta – Você tá me deixando sensível, seu… Seu…
- Bobo? Feio? Chato? – ele chutou, prevendo minhas possíveis palavras, e eu cerrei os olhos.
- Malvado – finalizei, rindo ao me lembrar da piada ruim que havia feito com aquela palavra há algum tempo. Thur revirou os olhos, pensando no mesmo ocorrido que eu, e me deitou no sofá bruscamente.
- Eu sou malvado mesmo – ele sussurrou, puxando meu vestido para baixo e revelando o sutiã meia taça rosa bebê por baixo dele; meu coração acelerou muito ao senti-lo beijar meu colo, assim como o ar começou a sumir de meus pulmões – E eu sei que você me ama exatamente por isso.
- Metido – arfei, encarando-o com birra, e ele deu um sorriso sacana, guiando seus lábios por meu rosto até alcançar minha orelha.
- Gostosa – o ouvi retribuir de um jeito sujo, o que fez uma súbita onda de calor percorrer meu corpo; eu adorava quando ele falava com aquele tom pervertido ao extremo.
Resultados sucessivos ao adjetivo muito bem empregado e muito mal intencionado: lingerie danificada, utensílios sobre a mesa de centro derrubados por peças de roupa voadoras e mais momentos inesquecíveis para guardar na memória.
Assim como todos os outros que, com certeza, ainda estavam por vir. E que eu aguardava ansiosamente!
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