terça-feira, 31 de janeiro de 2012

WEB LuAr - Capítulo 32 / Parte 7 :

Estava em alguma outra dimensão, alienada demais com os milhares de pensamentos em minha mente para ter noção do tempo, quando ouvi a maçaneta da porta girar. Meu coração pareceu parar por um momento, congelado de nervoso.
- Boa sorte – sussurrei para mim mesma, respirando fundo e ficando de pé a tempo de ver mamãe entrar. Era agora ou nunca.
- Oi, filha! – ela sorriu, trancando a porta por dentro – Você parece melhor… Como foi a sua tarde?
Sinceramente?
- Já tive melhores – respondi, sendo honesta de certa forma, sem conseguir retribuir o sorriso. Notando meu jeito estranho, mamãe parou a alguns passos de mim, me olhando com um pouco de receio.
- O que houve? – ela perguntou, colocando sua bolsa no sofá – Que carinha é essa?
Respirei fundo mais uma vez, necessitada de oxigênio para me acalmar, e dei o primeiro passo rumo ao meu desastre.
- Mãe… Eu tenho uma coisa pra te falar – comecei, sentindo meu coração disparar e meu corpo esquentar de tão nervosa que estava.
- Ah, não… – mamãe suspirou, levando as mãos ao peito com a expressão um tanto horrorizada – Você está grávida!
Franzi a testa, sem compreender seu pavor antecipado, e tratei de desfazer o mal entendido.
- Não, mãe, não é isso…
- Está usando drogas? – ela chutou novamente, mantendo o olhar aterrorizado, e se não estivesse tão nervosa, teria rido horrores.
- Claro que não! – falei, revirando os olhos.
- Não me diga que está pensando em abandonar os estudos e ir morar com um namoradinho do colégio num trailer no Texas! – ela disse, ainda mais chocada, e eu me irritei.
- Será que eu posso falar o que é de uma vez ou você vai continuar com esses palpites sem sentido? – bufei, e ela abandonou a expressão de horror, adotando uma séria – Obrigada.
- Desculpa, filha… É que eu me assustei com esse seu jeito sério – ela murmurou, e eu esbocei um rápido sorriso compreensivo – Pode falar, querida, o que foi?
Hesitei por alguns segundos, ainda ponderando a hipótese de desistir, mas eu sabia muito bem que não podia. Ou ela saberia por mim ali e agora, ou teria uma bela surpresa na manhã seguinte, na sala da diretora. E eu preferia cometer pelo menos um ato de honestidade em consideração a ela.
- Eu… Estou namorando – foi só o que consegui dizer, fechando os olhos por alguns segundos e me amaldiçoando por minha falta de coragem de completar a frase.
- Oh, meu Deus! – ela sorriu, parecendo aliviada – Era só isso, meu amor? Que susto! Pensei que era algo mais sério!
Abri os olhos, vendo-a me encarar com alegria, e esperei que ela fizesse a pergunta que provavelmente reverteria toda aquela situação.
- Quem é o sortudo?
Sustentei seu olhar, engolindo em seco. Não havia mais como fugir.
- Meu professor de biologia – respondi, completamente apavorada.
Mamãe não esboçou reação. Não a princípio.

CONTINUA........

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