Acordei por volta de uma da tarde, devido aos roncos de meu estômago vazio desde a manhã anterior, e decidi me arrastar até a cozinha para resolver aquele problema. Eu não botava muita fé de que fosse conseguir digerir bem qualquer tipo de alimento, mas eu precisava tentar, e agradeci profundamente por encontrar comida congelada no freezer. De comer, relativamente gostoso e prático. Era tudo o que eu queria.
Sentei no sofá com meu prato no colo, com a TV ligada apenas para me tirar do silêncio que imperava na casa. Apesar de estar realmente faminta, comi devagar, com os olhos vagando pela TV, sem exatamente enxergar alguma coisa. Minha cabeça estava pesada pelas poucas horas de sono e muitas de esforço, meus olhos estavam levemente inchados, meu cabelo estava uma zona e eu me sentia totalmente estranha. Uma bagunça, para ser mais precisa.
Estava caminhando até a cozinha para deixar meu prato vazio na pia quando ouvi a campainha tocar. Franzi levemente a testa. Não podia ser Thur, poucos minutos haviam se passado depois da uma da tarde. Me desfiz da louça e rastejei até a porta, abrindo-a e deixando somente uma fresta para que eu pudesse reconhecer o visitante.
- Roberta? – Sophia chamou, inclinando a cabeça levemente para o lado.
- Sophia? - murmurei, abrindo a porta normalmente ao me dar conta de quem era – O que você tá fazendo aqui?
- Tem certeza de que não sabe? – ela respondeu, olhando-me com a expressão um pouco triste. Ela sabia.
- O Thur falou com você? – chutei, e Sophia assentiu com um sorrisinho calmo - O que ele te disse?
- Hm… Posso entrar primeiro? – ela pediu sem jeito, e só então eu percebi que ainda não a havia chamado para dentro.
- Desculpe – falei, dando passagem para que ela entrasse, e nos sentamos no sofá. Assim que nos acomodamos, Sophia começou a explicar.
- Ele me chamou na hora do intervalo, disse que precisava conversar comigo. Eu concordei, já imaginando que fosse algo sobre você, ainda mais vendo que você tinha faltado. Fomos até o laboratório, e bem… Ele me explicou tudo. Desde coisas que eu já sabia até… Os recentes acontecimentos. E eu decidi vir te ver, antes mesmo de ele me pedir pra fazer isso. Eu não podia te deixar sozinha justo agora.
Ela soltou um suspiro baixo ao finalizar sua explicação, e eu abaixei meus olhos dos dela para o chão, sem saber o que pensar da atitude de Thur. Eu não esperava que ele fosse se preocupar tanto comigo àquele ponto. Sem dúvida, foi um gesto muito gentil de sua parte, e eu não poderia deixar de agradecê-lo mais tarde.
- Obrigada, Sophia – foi só o que consegui dizer, olhando-a vagamente – Até que eu estou… Bem.
- Roberta, eu te conheço – ela murmurou, segurando uma de minhas mãos entre as suas – Sei que você deve estar se crucificando e se repugnando pelo que aconteceu… Mas eu não posso permitir isso, e sei que o Thur concorda comigo. É normal que você fique abalada, mas…
- É sério, Sophia – a interrompi, sem querer ouvir discursos repetitivos – Eu estou me culpando sim, não vou negar, afinal, eu errei. Mas eu pensei que fosse ser bem pior. De verdade, eu estou bem. Não… Dói.
- Não? – ela perguntou, delicadamente surpresa, e eu neguei com a cabeça, vendo-a disfarçar um sorriso aliviado – Isso é… Bem, isso é ótimo!
- Você acha? – falei baixo, vendo Sophia franzir a testa – Tudo desmoronou sobre a minha cabeça e eu não consigo sentir nada… Você acha isso ótimo?
- Tudo desmoronou sobre a sua cabeça? – ela repetiu, com a expressão duvidosa – Por que você pensa assim?
- Minha vida está toda de cabeça pra baixo – respondi, encarando-a sem esconder a confusão em meu olhar – Mica descobriu tudo, vai me odiar pra sempre, vai fazer de tudo pra me separar do Thur e ferrar com a minha vida e você ainda me pergunta por que eu penso assim?
- Deixe que ele tente – ela deu de ombros, olhando-me com uma serenidade que eu invejei – Você e o Thur são mais fortes do que isso, eu tenho certeza. Eu não acreditava nessa intensidade toda entre vocês, mas hoje, enquanto ele me contava tudo o que aconteceu… Foi como se um outro Aguiar tivesse surgido bem diante dos meus olhos. Ele te ama, Roberta. E é pra valer.
- Pode parecer esnobe da minha parte, mas eu sei – assenti, esboçando um sorriso ao ouvi-la falar dele daquela maneira – Quanto a ele, eu me sinto muito segura.
- E com razão. Ele não vai se deixar influenciar por nenhum tipo de armadilha que o Mica possa aprontar… Isso foi até uma das coisas que nós citamos enquanto conversávamos hoje – ela continuou, me observando distraidamente – O ponto mais frágil, que ele provavelmente vai querer atacar, é o sigilo da relação de vocês. Na minha opinião, é a única forma que ele tem de afetar vocês dois.
- Eu tenho certeza de que ele vai dedurar o Thur na diretoria o mais rápido possível – concordei, fechando os olhos por um momento; as conseqüências dos futuros atos de Mica me traziam uma sensação de asfixia – Além de fazê-lo perder o emprego, minha mãe vai ser chamada na escola e vai descobrir tudo da pior maneira.
- Isso é verdade, infelizmente – ela disse, pensativa, inclinando a cabeça levemente para o lado com o olhar vago – O Thur já não deve ter uma boa moral no histórico da escola, mas pelo que ele me disse hoje, o emprego é a última coisa que o preocupa. E quanto à sua mãe… Bem, eu acho que você deveria abrir o jogo com ela antes que a diretora faça isso por você.
Suspirei profundamente, tentando me imaginar contando tudo para minha mãe. Um dos meus piores pesadelos, sem dúvida. Ela provavelmente acabaria comigo e expulsaria de casa o que sobrasse de mim. Era um beco sem saída.
- Talvez você esteja certa – murmurei, concordando com uma decisão que provavelmente seria uma das mais marcantes da minha vida – Eu só preciso… Me encontrar no meio dessa bagunça pra poder tomar as decisões certas.
- Eu entendo – Sophia sorriu fraco, erguendo seus olhar de minha mão para os meus olhos - Tudo aconteceu muito rápido, você precisa de um tempo para digerir as coisas.
- É… - suspirei, apertando sua mão e devolvendo seu sorriso – Obrigada por se importar comigo.
- Que tipo de amiga eu seria se não me importasse com você? – ela ergueu uma sobrancelha, me abraçando logo em seguida - Vai ficar tudo bem, confie em mim.
- Assim espero – murmurei, sentindo que talvez nem tudo estivesse tão perdido assim. Depois que minha mãe me expulsasse de casa, o que provavelmente aconteceria quando eu contasse tudo a ela, eu poderia passar um tempo morando com Sophia, mesmo que tivesse que arranjar um emprego apenas para bancar meus gastos na casa. Tudo o que me restaria daquele inferno seriam algumas semanas de colégio até que eu me formasse. Um dia, talvez, se eu realmente me esforçasse, minha mãe me perdoasse por tudo o que fiz, e então tudo estaria resolvido.
- Ele me disse que vem passar a tarde com você hoje – Sophia disse ao se afastar, e eu assenti – Não acha que é arriscado?
- Mamãe vai estar trabalhando, e ele vai embora cedo – falei, e ela assentiu, sem enxergar grandes falhas em meu plano – Vai me fazer bem passar um tempo com ele aqui.
- Sabe… Eu acho que ela vai entender – Sophia suspirou, reflexiva – Não acho que ela vá te expulsar de casa, muito menos pensar que você é uma vadia, como você tanto teme. Sua mãe é bastante mente aberta e compreensiva, não a subestime.
- Tomara que você esteja certa – falei, olhando-a com incerteza – Seria a solução pra quase todos os meus problemas… O apoio dela me daria muita força.
- Eu vou estar certa, você vai ver – ela sorriu ternamente, confiante – Pensamento positivo, por favor, Roberta.
- É fácil falar – soltei um risinho descrente, vendo-a me olhar com censura – Mas eu vou tentar.
- Isso mesmo – Sophia assentiu, fazendo uma cara mandona engraçada – Agora vai se arrumar, seu bofe vai chegar daqui a pouco e você ainda está um trapo.
- Obrigada pela parte que me toca – ironizei, vendo-a me mandar um beijo falso conforme se levantava e me arrastava para o andar de cima. Fui arremessada para dentro do banheiro, onde tomei um banho rápido, porém revigorante. Escovei os dentes e penteei meus cabelos, e quando cheguei ao quarto, Sophia estava sentada sobre a cama.
- Tomei a liberdade de separar suas roupas – ela sorriu, indicando algumas peças sobre a cama, e eu devolvi o sorriso em forma de agradecimento. Eu não estava com cabeça para escolher roupas naquele dia. Vesti minhas roupas íntimas, um shorts branco e uma blusa cinza larga, que deixava um de meus ombros à mostra, e conseqüentemente, uma alça do sutiã preto. Mal terminei, a campainha tocou.
- Será que é ele? – comentei, checando a hora no relógio ao lado da cama - Ainda são quinze pras duas.
- Melhor pra vocês, quinze minutos a mais – Sophia disse, me seguindo até o andar de baixo. Paramos em frente à porta, e eu respirei fundo antes de abri-la.
- Oi, meninas - ele sorriu de uma maneira agradável.
– Oi, Aguiar - Sophia respondeu, simpática, virando-se para mim logo em seguida - Bom… Eu vou deixar vocês ficarem sozinhos agora. Chay deve estar me esperando para almoçarmos juntos.
- Mande um beijo pra ele – falei, abraçando Sophia rapidamente – E obrigada por ter vindo… Você me ajudou muito.
- Que bom - ela murmurou, apertando-me com força antes de me soltar – Tchau, Thur. Cuide bem dela, por favor, senão eu acabo com você, entendeu?
- Pode deixar – ele disse sem nem se abater com a ameaça de Sophia e olhando-me com intensidade. Apenas isso bastou para que eu me arrepiasse por inteiro.
- Entra – falei, quando Sophia já havia se distanciado, e ele obedeceu.
- É bem estranho entrar pela porta, sabia? – o ouvi comentar enquanto eu trancava a porta, rindo baixo – Não é tão emocionante.
- Imagino – falei, aproximando-me dele com um sorrisinho divertido. Fechei os olhos ao senti-lo envolver minha cintura com seus braços, inalando seu cheiro de quem havia acabado de sair do banho, e o abracei pelo pescoço sem pressa. Thur esfregou a ponta de seu nariz no meu devagar, unindo nossas testas e fazendo com que sua respiração quente batesse em meu rosto. Senti meu equilíbrio se prejudicar quando ele beijou o canto de minha boca, e deslizei minhas mãos para seus ombros, aprofundando o beijo com urgência, num claro ato de carência e fragilidade. Ele sorriu após dar passagem à minha língua, e estendeu o beijo por alguns segundos.
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Sentei no sofá com meu prato no colo, com a TV ligada apenas para me tirar do silêncio que imperava na casa. Apesar de estar realmente faminta, comi devagar, com os olhos vagando pela TV, sem exatamente enxergar alguma coisa. Minha cabeça estava pesada pelas poucas horas de sono e muitas de esforço, meus olhos estavam levemente inchados, meu cabelo estava uma zona e eu me sentia totalmente estranha. Uma bagunça, para ser mais precisa.
Estava caminhando até a cozinha para deixar meu prato vazio na pia quando ouvi a campainha tocar. Franzi levemente a testa. Não podia ser Thur, poucos minutos haviam se passado depois da uma da tarde. Me desfiz da louça e rastejei até a porta, abrindo-a e deixando somente uma fresta para que eu pudesse reconhecer o visitante.
- Roberta? – Sophia chamou, inclinando a cabeça levemente para o lado.
- Sophia? - murmurei, abrindo a porta normalmente ao me dar conta de quem era – O que você tá fazendo aqui?
- Tem certeza de que não sabe? – ela respondeu, olhando-me com a expressão um pouco triste. Ela sabia.
- O Thur falou com você? – chutei, e Sophia assentiu com um sorrisinho calmo - O que ele te disse?
- Hm… Posso entrar primeiro? – ela pediu sem jeito, e só então eu percebi que ainda não a havia chamado para dentro.
- Desculpe – falei, dando passagem para que ela entrasse, e nos sentamos no sofá. Assim que nos acomodamos, Sophia começou a explicar.
- Ele me chamou na hora do intervalo, disse que precisava conversar comigo. Eu concordei, já imaginando que fosse algo sobre você, ainda mais vendo que você tinha faltado. Fomos até o laboratório, e bem… Ele me explicou tudo. Desde coisas que eu já sabia até… Os recentes acontecimentos. E eu decidi vir te ver, antes mesmo de ele me pedir pra fazer isso. Eu não podia te deixar sozinha justo agora.
Ela soltou um suspiro baixo ao finalizar sua explicação, e eu abaixei meus olhos dos dela para o chão, sem saber o que pensar da atitude de Thur. Eu não esperava que ele fosse se preocupar tanto comigo àquele ponto. Sem dúvida, foi um gesto muito gentil de sua parte, e eu não poderia deixar de agradecê-lo mais tarde.
- Obrigada, Sophia – foi só o que consegui dizer, olhando-a vagamente – Até que eu estou… Bem.
- Roberta, eu te conheço – ela murmurou, segurando uma de minhas mãos entre as suas – Sei que você deve estar se crucificando e se repugnando pelo que aconteceu… Mas eu não posso permitir isso, e sei que o Thur concorda comigo. É normal que você fique abalada, mas…
- É sério, Sophia – a interrompi, sem querer ouvir discursos repetitivos – Eu estou me culpando sim, não vou negar, afinal, eu errei. Mas eu pensei que fosse ser bem pior. De verdade, eu estou bem. Não… Dói.
- Não? – ela perguntou, delicadamente surpresa, e eu neguei com a cabeça, vendo-a disfarçar um sorriso aliviado – Isso é… Bem, isso é ótimo!
- Você acha? – falei baixo, vendo Sophia franzir a testa – Tudo desmoronou sobre a minha cabeça e eu não consigo sentir nada… Você acha isso ótimo?
- Tudo desmoronou sobre a sua cabeça? – ela repetiu, com a expressão duvidosa – Por que você pensa assim?
- Minha vida está toda de cabeça pra baixo – respondi, encarando-a sem esconder a confusão em meu olhar – Mica descobriu tudo, vai me odiar pra sempre, vai fazer de tudo pra me separar do Thur e ferrar com a minha vida e você ainda me pergunta por que eu penso assim?
- Deixe que ele tente – ela deu de ombros, olhando-me com uma serenidade que eu invejei – Você e o Thur são mais fortes do que isso, eu tenho certeza. Eu não acreditava nessa intensidade toda entre vocês, mas hoje, enquanto ele me contava tudo o que aconteceu… Foi como se um outro Aguiar tivesse surgido bem diante dos meus olhos. Ele te ama, Roberta. E é pra valer.
- Pode parecer esnobe da minha parte, mas eu sei – assenti, esboçando um sorriso ao ouvi-la falar dele daquela maneira – Quanto a ele, eu me sinto muito segura.
- E com razão. Ele não vai se deixar influenciar por nenhum tipo de armadilha que o Mica possa aprontar… Isso foi até uma das coisas que nós citamos enquanto conversávamos hoje – ela continuou, me observando distraidamente – O ponto mais frágil, que ele provavelmente vai querer atacar, é o sigilo da relação de vocês. Na minha opinião, é a única forma que ele tem de afetar vocês dois.
- Eu tenho certeza de que ele vai dedurar o Thur na diretoria o mais rápido possível – concordei, fechando os olhos por um momento; as conseqüências dos futuros atos de Mica me traziam uma sensação de asfixia – Além de fazê-lo perder o emprego, minha mãe vai ser chamada na escola e vai descobrir tudo da pior maneira.
- Isso é verdade, infelizmente – ela disse, pensativa, inclinando a cabeça levemente para o lado com o olhar vago – O Thur já não deve ter uma boa moral no histórico da escola, mas pelo que ele me disse hoje, o emprego é a última coisa que o preocupa. E quanto à sua mãe… Bem, eu acho que você deveria abrir o jogo com ela antes que a diretora faça isso por você.
Suspirei profundamente, tentando me imaginar contando tudo para minha mãe. Um dos meus piores pesadelos, sem dúvida. Ela provavelmente acabaria comigo e expulsaria de casa o que sobrasse de mim. Era um beco sem saída.
- Talvez você esteja certa – murmurei, concordando com uma decisão que provavelmente seria uma das mais marcantes da minha vida – Eu só preciso… Me encontrar no meio dessa bagunça pra poder tomar as decisões certas.
- Eu entendo – Sophia sorriu fraco, erguendo seus olhar de minha mão para os meus olhos - Tudo aconteceu muito rápido, você precisa de um tempo para digerir as coisas.
- É… - suspirei, apertando sua mão e devolvendo seu sorriso – Obrigada por se importar comigo.
- Que tipo de amiga eu seria se não me importasse com você? – ela ergueu uma sobrancelha, me abraçando logo em seguida - Vai ficar tudo bem, confie em mim.
- Assim espero – murmurei, sentindo que talvez nem tudo estivesse tão perdido assim. Depois que minha mãe me expulsasse de casa, o que provavelmente aconteceria quando eu contasse tudo a ela, eu poderia passar um tempo morando com Sophia, mesmo que tivesse que arranjar um emprego apenas para bancar meus gastos na casa. Tudo o que me restaria daquele inferno seriam algumas semanas de colégio até que eu me formasse. Um dia, talvez, se eu realmente me esforçasse, minha mãe me perdoasse por tudo o que fiz, e então tudo estaria resolvido.
- Ele me disse que vem passar a tarde com você hoje – Sophia disse ao se afastar, e eu assenti – Não acha que é arriscado?
- Mamãe vai estar trabalhando, e ele vai embora cedo – falei, e ela assentiu, sem enxergar grandes falhas em meu plano – Vai me fazer bem passar um tempo com ele aqui.
- Sabe… Eu acho que ela vai entender – Sophia suspirou, reflexiva – Não acho que ela vá te expulsar de casa, muito menos pensar que você é uma vadia, como você tanto teme. Sua mãe é bastante mente aberta e compreensiva, não a subestime.
- Tomara que você esteja certa – falei, olhando-a com incerteza – Seria a solução pra quase todos os meus problemas… O apoio dela me daria muita força.
- Eu vou estar certa, você vai ver – ela sorriu ternamente, confiante – Pensamento positivo, por favor, Roberta.
- É fácil falar – soltei um risinho descrente, vendo-a me olhar com censura – Mas eu vou tentar.
- Isso mesmo – Sophia assentiu, fazendo uma cara mandona engraçada – Agora vai se arrumar, seu bofe vai chegar daqui a pouco e você ainda está um trapo.
- Obrigada pela parte que me toca – ironizei, vendo-a me mandar um beijo falso conforme se levantava e me arrastava para o andar de cima. Fui arremessada para dentro do banheiro, onde tomei um banho rápido, porém revigorante. Escovei os dentes e penteei meus cabelos, e quando cheguei ao quarto, Sophia estava sentada sobre a cama.
- Tomei a liberdade de separar suas roupas – ela sorriu, indicando algumas peças sobre a cama, e eu devolvi o sorriso em forma de agradecimento. Eu não estava com cabeça para escolher roupas naquele dia. Vesti minhas roupas íntimas, um shorts branco e uma blusa cinza larga, que deixava um de meus ombros à mostra, e conseqüentemente, uma alça do sutiã preto. Mal terminei, a campainha tocou.
- Será que é ele? – comentei, checando a hora no relógio ao lado da cama - Ainda são quinze pras duas.
- Melhor pra vocês, quinze minutos a mais – Sophia disse, me seguindo até o andar de baixo. Paramos em frente à porta, e eu respirei fundo antes de abri-la.
- Oi, meninas - ele sorriu de uma maneira agradável.
– Oi, Aguiar - Sophia respondeu, simpática, virando-se para mim logo em seguida - Bom… Eu vou deixar vocês ficarem sozinhos agora. Chay deve estar me esperando para almoçarmos juntos.
- Mande um beijo pra ele – falei, abraçando Sophia rapidamente – E obrigada por ter vindo… Você me ajudou muito.
- Que bom - ela murmurou, apertando-me com força antes de me soltar – Tchau, Thur. Cuide bem dela, por favor, senão eu acabo com você, entendeu?
- Pode deixar – ele disse sem nem se abater com a ameaça de Sophia e olhando-me com intensidade. Apenas isso bastou para que eu me arrepiasse por inteiro.
- Entra – falei, quando Sophia já havia se distanciado, e ele obedeceu.
- É bem estranho entrar pela porta, sabia? – o ouvi comentar enquanto eu trancava a porta, rindo baixo – Não é tão emocionante.
- Imagino – falei, aproximando-me dele com um sorrisinho divertido. Fechei os olhos ao senti-lo envolver minha cintura com seus braços, inalando seu cheiro de quem havia acabado de sair do banho, e o abracei pelo pescoço sem pressa. Thur esfregou a ponta de seu nariz no meu devagar, unindo nossas testas e fazendo com que sua respiração quente batesse em meu rosto. Senti meu equilíbrio se prejudicar quando ele beijou o canto de minha boca, e deslizei minhas mãos para seus ombros, aprofundando o beijo com urgência, num claro ato de carência e fragilidade. Ele sorriu após dar passagem à minha língua, e estendeu o beijo por alguns segundos.
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