terça-feira, 24 de janeiro de 2012

WEB LuAr - Capítulo 28 / Parte final :

Eu disse que ele logo esqueceria o momento tenso com Roberta, não disse? E é exatamente nessas horas que eu me sinto um merda, sabe. Mica podia ser extremamente bacana quando queria, tipo agora. Pena que ele também sabia ser muito irritante, tipo quando resolveu ficar com a Messi. Eu jamais conseguiria definir como me sentia ao lado dele, o conflito entre seus dois lados era gritante demais. 
- Relaxa, curte sua festa – sorri, retribuindo a mão em meu ombro – E valeu por ter me chamado, eu precisava dar uma relaxada mesmo. 
O que foi que você disse? Que eu sou um puta falso e mentiroso? É, eu sei. Me desculpe por isso, minhas habilidades teatrais afloram naturalmente quando o assunto é Roberta Messi. 
- Ah, imagina, Aguiar – Mica disse, me dando um abraço rápido – Vamos juntos então? Vou levar a cambada pra jogar sinuca. 
- Claro – assenti, e o observei caminhar por entre os amigos até a porta do apartamento e abri-la, deixando que todos saíssem. 
Seguimos o fluxo calmamente, e eu tentei disfarçar a ansiedade formigando em minhas pernas e mãos, fazendo-as vacilarem e tremerem de leve. Como eu imaginei, ele apenas fechou a porta, deixando a chave para o lado de dentro, provavelmente para Roberta trancá-la logo em seguida. Mica deve ter imaginado (e com razão, por inúmeros motivos) que não seria bom deixá-la trancada, ou então que seria apropriado deixá-la com a chave caso mudasse de idéia e quisesse se unir a ele e aos outros convidados. Posso confessar que gostei de saber que ela não tinha uma cópia da chave do apartamento dele? Definitivamente, seria uma das medidas que eu já teria tomado se estivesse com ela há alguns meses. 
- Pelo visto teremos que fazer duas viagens – Mica observou, ao ver toda aquela gente esperando por um único elevador, e eu acordei de meus pensamentos agitados – Acho melhor você descer pela escada, Aguiar. 
- Relaxa, eu já ia fazer isso mesmo – sorri, e com um breve aceno, me despedi dele, já que mais ninguém ali estava suficientemente sóbrio para notar meu gesto. Desci tranquilamente o primeiro lance de degraus, sentindo meu coração bater tão forte a ponto de doer, e assim que sumi de vista, parei e esperei, imóvel, até que todos tivessem subido para o salão de jogos e o andar estivesse finalmente deserto. Assim que ouvi o sutil ruído das portas do elevador em movimento e o silêncio predominou, respirei fundo, só então notando que havia praticamente parado de respirar durante aqueles minutos de espera. 
Me esgueirei até poder ver o hall, e de fato, não havia mais ninguém. 
É agora, disse para mim mesmo em pensamento, e enchi meus pulmões de ar, pronto para executar meu plano. Subi os degraus rapidamente e logo cheguei à porta pela qual havia acabado de sair. Girei a maçaneta devagar para não fazer nenhum barulho, e assim que entrei no apartamento, tranquei-me silenciosamente. O fato de não correr o risco de ser pego no flagra fez um certo alívio percorrer meu corpo, e um sorriso tenso se alojou em meu rosto. Eu estava cada vez mais perto de conseguir o que tanto almejava. 
Caminhei determinadamente até o quarto de Mica, cuja porta estava entreaberta, porém não consegui ver nada. O silêncio predominava no apartamento, mas meu coração batia tão forte que eu cogitei a hipótese de meus batimentos terem sido ouvidos a quilômetros de distância. Parei à porta, sentindo o nervosismo me dominar, e lentamente entrei no quarto, deparando-me com a silhueta de Roberta sentada na ponta mais distante da cama, de costas para mim. Fiquei um tanto surpreso por não encontrá-la deitada, mas antes que eu pudesse sequer tentar me recuperar, ela virou um pouco a cabeça, como se tivesse sentido minha presença, e me desarmou completamente. 
- Você veio mesmo… Exatamente como eu imaginei.

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