Meus olhos encontraram a forma dos ombros largos de Thur assim que pisei no laboratório, e por um segundo, as idéias e palavras se perderam em minha mente, como pequenas gotas de chuva em um vendaval: insignificantes e ridiculamente fracas. Graças à minha entrada não exatamente silenciosa na sala, ele não hesitou em virar-se até seus olhos focalizarem os meus, e quando suas íris castanhos se conectaram às minhas, eu desejei poder ignorar por completo tudo que havia me levado até ali e apenas seguir o que meus sentimentos mandavam. Mas eu me contive, sentindo meu estômago revirar-se nervosamente em agonia, e evitei mergulhar demais em seus olhos. Perder meu foco, justamente agora que eu o tinha tão firmemente, naqueles buracos negros de suas pupilas era algo que definitivamente não deveria acontecer, mesmo que eu não estivesse completamente certa disso. Estava doendo demais para sequer pensar.
Sim, já estava doendo, mais do que eu imaginei que doeria. E eu sabia que a partir dali, por mais impossível que isso pudesse parecer, a dor só ficaria pior. Mas eu precisava dar um jeito na minha vida. Chega de desistir, chega de fraquezas. Era hora de agir feito gente grande.
Thur analisou meu rosto rapidamente, recuperando-se da surpresa que havia moldado seus traços numa expressão discretamente feliz, e assim que viu os indícios de más notícias em meus olhos agoniados, suas sobrancelhas se franziram em desconfiança. Seu olhar praticamente falava com o meu, mesmo que estivéssemos em absoluto silêncio. Ele havia entendido que eu não estava ali pra brincadeira; sabia que não precisava de palavras para me incentivar a falar.
E assim eu o fiz. Por mais que eu não o quisesse, eu falei as pequenas e breves palavras que partiriam meu coração ao meio num piscar de olhos.
- Vou ficar com Mica… Não me procure mais.
Cada palavra parecia uma grande bola de espinhos saindo de minha garganta, lenta e dolorosamente, por mais depressa que eu as tivesse pronunciado. Lágrimas encheram meus olhos, impedindo-me de ver com clareza a expressão em seu rosto, e antes que uma delas pudesse cair, dei meia volta e corri para longe do laboratório, sentindo meu coração doer como se estivesse se autodestruindo.
Eu sabia que seria difícil fazê-lo sobreviver após perder uma de suas metades.
Só não imaginei que seria mais difícil ainda querer que ele sobrevivesse.
Sim, já estava doendo, mais do que eu imaginei que doeria. E eu sabia que a partir dali, por mais impossível que isso pudesse parecer, a dor só ficaria pior. Mas eu precisava dar um jeito na minha vida. Chega de desistir, chega de fraquezas. Era hora de agir feito gente grande.
Thur analisou meu rosto rapidamente, recuperando-se da surpresa que havia moldado seus traços numa expressão discretamente feliz, e assim que viu os indícios de más notícias em meus olhos agoniados, suas sobrancelhas se franziram em desconfiança. Seu olhar praticamente falava com o meu, mesmo que estivéssemos em absoluto silêncio. Ele havia entendido que eu não estava ali pra brincadeira; sabia que não precisava de palavras para me incentivar a falar.
E assim eu o fiz. Por mais que eu não o quisesse, eu falei as pequenas e breves palavras que partiriam meu coração ao meio num piscar de olhos.
- Vou ficar com Mica… Não me procure mais.
Cada palavra parecia uma grande bola de espinhos saindo de minha garganta, lenta e dolorosamente, por mais depressa que eu as tivesse pronunciado. Lágrimas encheram meus olhos, impedindo-me de ver com clareza a expressão em seu rosto, e antes que uma delas pudesse cair, dei meia volta e corri para longe do laboratório, sentindo meu coração doer como se estivesse se autodestruindo.
Eu sabia que seria difícil fazê-lo sobreviver após perder uma de suas metades.
Só não imaginei que seria mais difícil ainda querer que ele sobrevivesse.
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