Não demorei a reconhecer o invasor. O problema foi acreditar que ele realmente estava ali, e não era só mais um fruto de minha imaginação. Infelizmente, essa possibilidade foi logo descartada. Claramente, não era nenhuma ilusão; era real demais para isso. Minha mente jamais conseguiria reproduzir uma imagem com tamanho grau de realidade. Enquanto toda essa confusão dominava minha consciência, eu me mantive paralisada, completamente imóvel. Diferentemente dele.
- Hm… Oi – Arthur Aguiar disse, sentado em minha cama com uma expressão inocente, e seus olhos determinados se fixaram por um longo momento em minhas pernas nuas, acompanhados de um quase imperceptível sorriso de canto – Pude jurar que seria recebido com um grito, mas pelo visto, você é mesmo imprevisível.
Pensei ter sentido meu rosto esquentar, mas como o resto do corpo estava igualmente quente devido ao susto, ignorei esse detalhe. Todo aquele calor tinha uma explicação, e ela logo se manifestou por minhas cordas vocais. Dois segundos depois que ele se calou, retomei o controle sobre minha consciência e movimentos, e um grito assustado escapou por entre meus lábios. Instintivamente, me encolhi, puxando a barra da toalha mais para baixo numa tentativa idiota de me esconder. Arthur apenas revirou os olhos, como se não houvesse motivo para que eu me comportasse daquela maneira.
- Mas o que… Mas o que você… – comecei, tentando em vão continuar a frase, e ele apenas voltou a me olhar nos olhos, com o rosto ainda inocente – Como você… Como…
- Respira, Messi – ele riu de leve, mantendo o mesmo comportamento, como se sua presença ali fosse absolutamente natural – Não quero que você desmaie nem nada do tipo, está bem?
Até parece que não queria!
Fiz o que ele disse, não porque ele pediu, mas porque eu realmente precisava de ar para organizar minha mente embaralhada e as palavras desconexas que disputavam espaço dentro de minha garganta. Quando já havia inspirado oxigênio suficiente para inflar meus pulmões ao extremo, tudo que fiz, para minha própria vergonha, foi gritar novamente. Era difícil demais acreditar, e pior ainda, entender que ele havia invadido minha casa e estava ali, bem na minha frente. Não é o tipo de coisa com o qual uma pessoa se acostuma antes de gritar algumas vezes.
- Eu disse respira, não grita – ele reclamou, fechando os olhos em tolerância ao meu surto infantil, e logo em seguida voltou a me encarar – Calma, tá legal? Eu não sou um espírito sedento por vingança nem nada do tipo.
Ignorei totalmente suas palavras, ainda chocada demais para entender. Pensando bem, eu preferia enfrentar uma passeata de fantasmas violentos a ter que encarar o fato de que Arthur estava jogado sobre minha cama naquele exato momento.
- C-como você… Como você conseguiu entrar aqui? – consegui perguntar, ainda imóvel, e um sorriso que misturava diversão e compaixão surgiu em seu rosto. Eu devia estar parecendo bastante engraçada aos olhos dele; não duvidava nada que ele estava segurando uma gargalhada ao me ver naquele estado vergonhoso - de olhos esbugalhados, boca escancarada e cabelos em pé -, mas como era um excelente ator, tentava atenuar esse desejo, sem ter muito sucesso.
- Digamos que eu dei sorte – ele respondeu com um tom vago, erguendo uma sobrancelha e voltando a mexer no bichinho de pelúcia. Não gostei nada do sorriso que insistia em aparecer no canto de seus lábios; ele me parecia extremamente… Esperto. Resolvi trabalhar em outra pergunta, já que ainda havia muito a ser questionado.
- Arthur… O q-que você t-tá fazendo aqui? – gaguejei, sentindo a resposta imediata de meu corpo manifestar-se em arrepios devido ao fato de que ele estava se levantando lentamente da cama. Tentei fazer com que meus pés desgrudassem do chão para que eu me movesse, mas a madeira do assoalho e minha pele pareciam um só, mantendo-me presa onde estava.
- Sei que você é inteligente o bastante para deduzir essa resposta por si mesma – sua voz suavemente rouca respondeu, acompanhada de um passo lento dele em minha direção e do aumento de minha freqüência cardíaca – Vou lhe dar mais uma chance de fazer perguntas mais elaboradas.
- Vá embora, Aguiar – murmurei, sentindo minha voz falhar quase que totalmente devido ao enorme nó que se formara em minha garganta, mas pelo menos a gagueira tinha passado – Você não tem nada para fazer aqui.
- Ah, é aí que você se engana, meu bem – Arthur disse, franzindo a testa e entortando a boca num falso pesar enquanto dava mais um discreto passo em minha direção, resumindo a distância entre nós a pouco menos de um metro – Ainda temos uma noite inteira pela frente… E acredite, ficaremos ocupados demais para dormir.
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- Hm… Oi – Arthur Aguiar disse, sentado em minha cama com uma expressão inocente, e seus olhos determinados se fixaram por um longo momento em minhas pernas nuas, acompanhados de um quase imperceptível sorriso de canto – Pude jurar que seria recebido com um grito, mas pelo visto, você é mesmo imprevisível.
Pensei ter sentido meu rosto esquentar, mas como o resto do corpo estava igualmente quente devido ao susto, ignorei esse detalhe. Todo aquele calor tinha uma explicação, e ela logo se manifestou por minhas cordas vocais. Dois segundos depois que ele se calou, retomei o controle sobre minha consciência e movimentos, e um grito assustado escapou por entre meus lábios. Instintivamente, me encolhi, puxando a barra da toalha mais para baixo numa tentativa idiota de me esconder. Arthur apenas revirou os olhos, como se não houvesse motivo para que eu me comportasse daquela maneira.
- Mas o que… Mas o que você… – comecei, tentando em vão continuar a frase, e ele apenas voltou a me olhar nos olhos, com o rosto ainda inocente – Como você… Como…
- Respira, Messi – ele riu de leve, mantendo o mesmo comportamento, como se sua presença ali fosse absolutamente natural – Não quero que você desmaie nem nada do tipo, está bem?
Até parece que não queria!
Fiz o que ele disse, não porque ele pediu, mas porque eu realmente precisava de ar para organizar minha mente embaralhada e as palavras desconexas que disputavam espaço dentro de minha garganta. Quando já havia inspirado oxigênio suficiente para inflar meus pulmões ao extremo, tudo que fiz, para minha própria vergonha, foi gritar novamente. Era difícil demais acreditar, e pior ainda, entender que ele havia invadido minha casa e estava ali, bem na minha frente. Não é o tipo de coisa com o qual uma pessoa se acostuma antes de gritar algumas vezes.
- Eu disse respira, não grita – ele reclamou, fechando os olhos em tolerância ao meu surto infantil, e logo em seguida voltou a me encarar – Calma, tá legal? Eu não sou um espírito sedento por vingança nem nada do tipo.
Ignorei totalmente suas palavras, ainda chocada demais para entender. Pensando bem, eu preferia enfrentar uma passeata de fantasmas violentos a ter que encarar o fato de que Arthur estava jogado sobre minha cama naquele exato momento.
- C-como você… Como você conseguiu entrar aqui? – consegui perguntar, ainda imóvel, e um sorriso que misturava diversão e compaixão surgiu em seu rosto. Eu devia estar parecendo bastante engraçada aos olhos dele; não duvidava nada que ele estava segurando uma gargalhada ao me ver naquele estado vergonhoso - de olhos esbugalhados, boca escancarada e cabelos em pé -, mas como era um excelente ator, tentava atenuar esse desejo, sem ter muito sucesso.
- Digamos que eu dei sorte – ele respondeu com um tom vago, erguendo uma sobrancelha e voltando a mexer no bichinho de pelúcia. Não gostei nada do sorriso que insistia em aparecer no canto de seus lábios; ele me parecia extremamente… Esperto. Resolvi trabalhar em outra pergunta, já que ainda havia muito a ser questionado.
- Arthur… O q-que você t-tá fazendo aqui? – gaguejei, sentindo a resposta imediata de meu corpo manifestar-se em arrepios devido ao fato de que ele estava se levantando lentamente da cama. Tentei fazer com que meus pés desgrudassem do chão para que eu me movesse, mas a madeira do assoalho e minha pele pareciam um só, mantendo-me presa onde estava.
- Sei que você é inteligente o bastante para deduzir essa resposta por si mesma – sua voz suavemente rouca respondeu, acompanhada de um passo lento dele em minha direção e do aumento de minha freqüência cardíaca – Vou lhe dar mais uma chance de fazer perguntas mais elaboradas.
- Vá embora, Aguiar – murmurei, sentindo minha voz falhar quase que totalmente devido ao enorme nó que se formara em minha garganta, mas pelo menos a gagueira tinha passado – Você não tem nada para fazer aqui.
- Ah, é aí que você se engana, meu bem – Arthur disse, franzindo a testa e entortando a boca num falso pesar enquanto dava mais um discreto passo em minha direção, resumindo a distância entre nós a pouco menos de um metro – Ainda temos uma noite inteira pela frente… E acredite, ficaremos ocupados demais para dormir.
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