segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

WEB LuAr - Capítulo 21 / Parte 7 :

Chay era o ex-namorado de Sophia, que havia se mudado para Oxford no final do ano anterior. Apesar de ter sido ela quem decidira terminar com o namoro ao invés de tentar um relacionamento à distância, eu sempre soube que Sophia ainda cultivava sentimentos em relação a ele, e que fizera aquilo para evitar os aborrecimentos que um namoro distante pode trazer. Chay, mesmo sendo totalmente apaixonado por Sophia, o que ela correspondia à altura, percebeu que aquilo seria o melhor para os dois e se contentou em apoiar sua decisão, o que só aumentava minha vontade de vê-los juntos outra vez. Eles eram simplesmente o casal mais fofo que podia existir na face da Terra, fato. 
Um sorriso empolgado surgiu em meu rosto. Já havia passado da hora de algo revigorante animar a vida de Sophia, e nada poderia ser melhor do que uma visita de Chay. E, pelas claras intenções dele, ele não estava vindo para brincadeira; ela parecia saber disso muito melhor do que eu, pelo jeito que suas mãos começaram a tremer. 
- E agora, Sophia? – perguntei, observando-a pegar o bilhete de minhas mãos e relê-lo com ansiedade – O que você vai fazer? 
- Eu não faço a menor idéia! – ela quase exclamou, nervosa, e por um momento eu pensei que seus olhos fossem saltar de suas órbitas – Você acha que… Que eu devo ir ao baile com ele? 
- Lógico que deve! – concordei, assentindo vigorosamente, e ela ergueu os olhos do papel para mim, aflita – Seja lá como ele conseguiu colocar esse bilhete dentro do seu armário, duas coisas são certas: ele está aqui, e obviamente espera uma resposta sua! Então, pelo amor de Deus, ligue pra ele o mais rápido possível e diga que sim! 
- Ele está aqui, Roberta… Ele está aqui, em Londres, perto de mim outra vez – ela murmurou, respirando fundo e pressionando o papel contra o peito, e eu pude ver que seus olhos estavam ficando ligeiramente úmidos – Você sabe o quanto ele me faz falta. 
- Aawn! – sorri, abraçando-a com força e sem conseguir disfarçar minha empolgação – Vai dar tudo certo, você vai ver. 
- Tomara – ouvi Sophia suspirar, retribuindo meu abraço, e logo em seguida, o sinal tocou, anunciando o término do intervalo. 
Ainda assimilando a surpresa de Chay, voltamos às nossas classes, com sorrisos de orelha a orelha estampados em nossos rostos. E durante o resto das aulas, me peguei imaginando o reencontro dos dois, e surpreendentemente me esquecendo de meus próprios problemas. Era impossível não sorrir ao visualizar Sophia e Chay juntos novamente, e tal visão me transmitia uma certa dose de tranqüilidade, anulando um pouco a tensão que me rondava. De vez em quando, coisas boas ainda me aconteciam, mesmo que indiretamente, o que me fez pensar que talvez nem tudo estivesse tão perdido assim para mim. 
Na hora da saída, a mãe de Sophia já a esperava, e só tivemos tempo de nos despedir com sorrisos eufóricos no rosto. Já minha mãe, pontual como sempre, ainda não havia dado sinal de vida, e eu me conformei em esperá-la, sentada na mureta em frente ao colégio. Alguns minutos depois, minha visão da rua foi bloqueada por uma coisa loira e artificial, que eu nem precisei examinar muito para reconhecer: Maria Smithers. Ignorei o fato de que ela tinha outros milhares de lugares para ficar, mas tinha escolhido justo o ponto que me impedia de ver os carros que chegavam, e apenas suspirei, decidida a não me deixar irritar por razões bobas. Se eu continuasse daquele jeito, acabaria ficando com rugas, e Maria com certeza não era importante o suficiente para ser um dos motivos delas. 
Ou talvez fosse. 
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