quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 9 / Parte final :

 
Sem esperar qualquer reação, ele arrancou com o carro, com a expressão fechada, e logo estávamos nos afastando rapidamente da mansão. Meus olhos teimavam em continuar presos a ele, tentando entender direito os últimos minutos. Por que ele tinha me livrado de Saulo? Por que ele discutiu com Maria antes de sairmos? E o principal… 
- Pra onde está me levando? - ouvi minha própria voz perguntar, fraca, e só então senti que minha garganta ainda ardia pelo excesso de tequila. 
- Eu pretendia te deixar na sua casa - Arthur respondeu, sem me olhar, e sem saber por que, eu quis que ele o fizesse - Mas você é quem sabe onde prefere ficar. 
- Na minha casa está ótimo - concordei, tentando não forçar muito minha voz, e convenci meus olhos a se afastarem dele, pairando desatentamente sobre a barra de meu vestido. Minha visão ficou embaçada subitamente, e em poucos segundos senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Não sei por que comecei a chorar, talvez fosse efeito da bebedeira exagerada e todos os recentes e horríveis acontecimentos. Funguei baixinho, enxugando discretamente meu rosto com as costas das mãos e virei meu rosto pra janela do carro. 
As luzes da cidade passavam como borrões pela minha visão, e se tornaram imóveis quando paramos num sinal vermelho. Mesmo sem poder vê-lo, senti seu olhar sobre mim, mas não o correspondi. Estava com vergonha por estar chorando, eu odiava chorar na frente dos outros, me sentia ridícula. 
- Tem certeza de que está bem? - ele murmurou, e eu fechei os olhos na tentativa de parar de chorar - Aquele garoto machucou você? 
Senti uma lágrima insistente rolar rapidamente e passar pelo canto de minha boca, fazendo o local arder um pouco. Passei a ponta da língua ali e senti gosto de sangue, mas apenas fiz que não com a cabeça, respondendo à sua pergunta com um sorrisinho miserável que ele não pôde ver. A ferida física mal podia ser comparada ao trauma emocional que Saulo tinha me causado naquela noite. 
- Se você não tivesse aparecido, ele teria conseguido me machucar - falei baixinho, e me virei lentamente em sua direção. Não sei por que, mas assim que meu olhar fraco encontrou o dele, sempre tão sólido, eu me senti segura. Era como se tudo realmente fosse ficar bem, eu não precisava mais ter medo. Por mais ameaçador que eu sabia que Arthur podia ser quanto à minha relação com Mica, eu também o via como uma espécie de protetor disfarçado, sempre nos lugares certos e nas horas certas pra me ajudar. Já era a segunda vez que ele me salvava de uma enrascada em menos de uma semana. 
- Talvez não - ele discordou, erguendo as sobrancelhas por um momento - Você tem muita sorte, duvido que ele conseguisse. 
O sinal ficou verde e Arthur voltou a prestar atenção no trânsito. Abaixei meu olhar, com uma minúscula sombra de um sorriso triste no rosto, e suspirei profundamente. Aquele nem de longe parecia ser o mesmo Arthur que eu conhecia. 
- A sorte passa reto por mim há algum tempo - eu disse, meio que pra mim mesma, voltando a encarar meus joelhos com desânimo - Tudo que tem acontecido comigo são desastres, um atrás do outro… Um pior que o outro. 
Arthur não disse nada, apenas continuou dirigindo com a expressão dura. Sucumbi ao peso imaginário de minha cabeça, cuja dor eu ignorava há um bom tempo, e deitei-a no encosto do banco, fechando os olhos por um segundo. 
E só voltei a abri-los quando a claridade do sol bateu em meu rosto, fazendo minha visão demorar mais ainda a entrar em foco. Num quarto estranho, numa cama estranha, e com uma voz conhecida. 
- Bom dia, Messi. 
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