sábado, 24 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 18 / Parte final :

Naquele momento, eu me dei conta do quão ridícula e imatura eu estava sendo diante daquela situação. Meu corpo e minha mente davam sinais claros de que não pensar em Arthur estava se tornando cada vez mais impossível, mas uma parte de mim, a parte racional, ainda se recusava a dar o braço a torcer, tentando lutar inutilmente contra meus impulsos. Não adiantaria nada continuar repetindo para mim mesma que eu estava bem e que aquilo era apenas uma insônia sem motivo, sendo que eu sabia exatamente a razão de minha ansiedade. Infelizmente, eu precisava aceitar que ainda não tinha forças suficientes para afastar a sombra de Arthur de meus pensamentos, por mais intensas que fossem as minhas tentativas de abafar o estranho poder que ele tinha sobre mim. Era nítido que ele tinha algo que me desarmava completamente, dopando minha consciência e aflorando meus piores instintos. 
Soltei todo o ar tensamente preso em meus pulmões, fechando os olhos e deitando minha cabeça no encosto do sofá. Um sorriso sem humor algum se formou em meu rosto, externando minha frustração comigo mesma. Eu estava destinada a ser fraca, pro resto da minha vida. Era como se eu jamais fosse ser capaz de vencer algum obstáculo que surgisse na minha frente, apenas fosse me curvar diante dele e deixá-lo modificar minha vida, fosse para melhor ou para pior. 
A fraqueza era meu fardo. E Arthur era a prova viva disso. Ele sabia muito bem que esse era meu ponto fraco, que eu era uma presa fácil comparada ao seu poder de ataque invencível, e como se isso já não fosse suficiente, ainda utilizava todos os seus artifícios para me manter hipnotizada. Abduzida. 
Encarei o teto, totalmente inerte, e ao invés do cinza sem graça, o discreto sorriso de Arthur ao ir embora na noite anterior surgiu em meu campo de visão. Teria aquilo sido mesmo uma resposta, ou apenas mais uma de minhas ilusões? 
Não… Ele não podia fazer isso comigo. Ele não seria capaz. Eu sabia que ele viria. 
Ele não teria coragem de me deixar esperando. 
Me mantive inconscientemente imersa em pensamentos por um tempo que me pareceu incalculável, e num de meus breves acessos de lucidez, olhei para o relógio: três e meia. Meus pés batucavam contra o piso frio da sala, inquietos assim como minhas mãos, que seguravam a barra da camisola com força. Minha respiração estava totalmente descompassada, denunciando todo o nervosismo que me devorava, e meus olhos percorriam cada centímetro visível da janela, até que, num movimento impensado, se depararam com uma solução para meu problema, que estava ali desde o começo, bem debaixo de meu nariz: o telefone. 
Quer saber? Se aquela já era uma batalha decidida, pra que continuar lutando? 
Foda-se o meu orgulho. 
Fiquei de pé num salto, e corri até o aparelho, quase derrubando-o ao tirá-lo da base, tamanha era a tremedeira de minhas mãos. Olhei para os botões, esperançosa, e me lembrei de que, para ligar para ele, precisava de seu número. Pensei por um momento, e logo encontrei a saída: o celular de Micael. 
Larguei o telefone sobre a base de qualquer jeito, correndo desengonçadamente em direção às escadas para pegar o aparelho de Mica. No terceiro degrau, quase escorreguei, e tive que me apoiar em minhas mãos para não dar de cara no chão. Quando faltavam dois degraus para chegar ao primeiro andar, um zumbido se apoderou de meus ouvidos, quebrando o silêncio sepulcral. Paralisei onde estava, virando minha cabeça na direção do som com uma rapidez assustadora. Eu sabia que estava descabelada, com olheiras e pálida, mas agora não havia mais tempo pra me arrumar. 
Ele estava aqui. 
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