sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 18 / Parte 3 :

Me esforcei muito pra não engasgar com a comida naquele momento, e engoli o pedaço de omelete quase inteiro com muito esforço, incapaz de mastigá-lo direito diante do medo que a pergunta dele me causara. Eu tinha me esquecido de guardar os morangos. Que merda. 
- É, eu… – balbuciei, encarando fixamente minha omelete e tentando parecer casual – Eu fiquei com fome e… Acabei comendo alguns morangos… Me desculpe. 
Não foram só os morangos que foram comidos naquela noite, mas preferi omitir essa parte da história. Foco, Roberta! 
- Tudo bem, Roberta – Mica sorriu, sem notar nenhuma diferença em meu jeito, como sempre (ele devia aprender que confiar em mim estava ficando perigoso) – Eu devia ter sido responsável e cozinhado alguma coisa pra gente ontem à noite. 
Comemos calmamente após minha crise de pânico se dissipar, e quando me dei conta, já estávamos planejamos como seria nosso dia num clima mais agradável, pelo menos para ele. O sol reinava absoluto no céu azul, o mar parecia extremamente convidativo diante do considerável calor, e nossos planos para as próximas horas envolviam exatamente esses fatores. Praia, sol, mar e descanso. Bom, descanso físico estava garantido pros dois, mas mental… É, desse eu acho que só Mica poderia desfrutar. 
- Ei, rapaz, vem cá – chamei assim que saímos de casa, segurando meu professor (que agora mais parecia aluno de primário, tamanha era a sua animação) pelo braço quando que ele fez menção de correr para a praia – Nem pense em se meter debaixo desse sol sem protetor solar. 
Ele revirou os olhos, fazendo cara de criança emburrada, e eu ri, enquanto passava protetor solar em suas costas. Quando foi a vez de passar na frente, o que eu fiz questão de fazer, ele fechou os olhos e sorriu pervertidamente, tirando proveito de meus toques. Se ele pôde usufruir da mesma situação antes de sairmos da casa, ao passar protetor em mim (e demorar meia hora só pra isso), eu tinha todo o direito de fazer o mesmo com ele (e demorar o quanto eu quisesse também). 
- Sabe, eu estou de sunga – ele comentou, quando eu estava cuidando de suas coxas com um pouco mais de vagarosidade que o necessário – E não vai ser muito… Confortável se você continuar a me provocar desse jeito. 
Revirei os olhos, com um sorriso de canto, e atendi seu pedido. Coloquei um pouco de protetor na palma da mão, e com o indicador, passei um pouco dele no nariz e bochechas de Mica, retribuindo seu olhar divertido. Espalhei um pouco mais de protetor pelo seu rosto, e o resto, coloquei em seus ombros, região onde nunca era demais proteger. 
- Agora sim, protegido – falei, com voz de mãe, apertando a bochecha dele, que fez uma careta – Pode mergulhar agora. 
- Não – ele respondeu, e um sorriso danado surgiu em seu rosto – 
Podemos mergulhar agora. 
Antes que eu pudesse abrir a boca pra protestar, ou tirar meu chapéu de praia e óculos escuros, Mica já me carregava em direção ao mar, correndo comigo em seu colo. Largando apressadamente meus apetrechos de praia pela areia, me encolhi como um feto em seus braços, já sentindo a temperatura fria do mar antes mesmo de entrar nele e soltando um gritinho desesperado que o fez rir. 
- Ah, meu Deus, que frio! – falei entre dentes quando alcançamos a água gelada, e ele continuou me levando mar adentro até atingirmos uma altura nem muito rasa, nem muito funda. 
- Não tem problema, eu te esquento – ele riu, me colocando no chão e me abraçando pela cintura. 
- Que frase mais clichê, Micael – resmunguei com um sorriso divertido, dando-lhe um abraço apertado e depositando um beijo em seu queixo – Mas eu acho bom mesmo você me esquentar, senão eu vou ficar muito brava. 
- Uuh, essa eu quero ver – Mica gemeu, fazendo uma cara exagerada de desejo e me mandando um beijo, acompanhado de uma piscadinha – Fica bravinha, vai. 
- Idiota – gargalhei, empurrando-o pelo peito e não conseguindo muito mais do que me afastar dele por dois segundos – Vou te mostrar quem é a bravinha. 
- Duvido – ele desafiou, olhando pra cima como quem quer disfarçar alguma coisa, e eu me enfezei: deixei que meus joelhos se dobrassem, fazendo com que meu corpo todo imergisse na água cristalina, e voltei a emergir alguns metros depois, já fora do alcance dos braços dele. Surpreso com a minha súbita agilidade, ele foi pego de olhos arregalados e boca aberta quando eu joguei uma grande quantidade de água em seu rosto. 

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