quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 18 / Parte 2 :

Passei vários minutos repetindo mentalmente aquela mesma frase, e me levantei devagar, sentindo meus músculos cansados reclamarem em vão. Conforme caminhava até o banheiro, me lembrei do que havia dito a Arthur há poucas horas atrás… Metade de mim não podia ficar sem sua outra metade. Um não era completo sem o outro. Parei na frente do espelho, encarando meu reflexo sonolento, e suspirei novamente, empurrando minha escolha garganta abaixo. Poderia levar alguns dias, mas eu não deixaria nada mudar minha decisão agora que eu havia escolhido o que queria. No início, talvez eu precisasse de um pouco a mais de autocontrole para não me deixar pensar nele, mas no fim das contas, eu sobreviveria. Afinal de contas, pra que eu preciso de dois homens, se um já me dava tudo que eu precisava? Por que eu precisaria de sexo se já tinha um namorado perfeito? 
Tomei uma rápida ducha, eliminando todo e qualquer vestígio físico da presença de Arthur na noite passada que ainda sobrevivia em minha pele, e escovei meus dentes, ainda mantendo meu humor determinado e otimista. Vesti uma blusinha regata, um shorts de pijama, penteei meus cabelos e soltei um último suspiro antes de descer as escadas. 
- Bom dia! – Mica sorriu ao me ver, somente de bermuda, já à minha espera ao pé da escada. Fora seu sorriso e seus olhos mais do que felizes, como sempre, ele parecia anormalmente empolgado, e o motivo disso não era nenhum mistério pelo jeito que ele me olhava. Mesmo com todos os conflitos que eu guardava dentro de mim e sentindo meu emocional um pouco estremecido, não consegui evitar que um sorriso iluminasse meu rosto assim que o vi. 
- Bom dia – falei num tom divertido, parando no último degrau pra ficar da mesma altura que ele e retribuindo seu selinho carinhoso – Nossa, um pente passou longe daqui, imagino. 
Segurei seus ombros, ajeitando-o de frente pra mim com as mãos suando frio, e ele me fitou com dúvida na expressão e os cabelos consideravelmente desgrenhados. Aproveitei que a toalha que eu havia usado para secar meus cabelos ainda estava sobre meus ombros e a coloquei em sua cabeça, esfregando-a nos cabelos dele e umedecendo-os, mais pra brincar com ele do que pra realmente ajeitá-lo. Quando tirei a toalha, com uma cara sapeca, encontrei um Mica rosado, confuso e extremamente sexy me encarando, com seus cabelos ainda desarrumados. 
De um jeito extremamente, dolorosamente, 
ironicamente parecido com Arthur. 
- Melhor assim? – ele perguntou, com um sorriso descrente e uma sobrancelha erguida, só piorando minha situação. Papai do céu realmente adorava me ver metida em encrencas. O que eu fiz para merecer passar por tamanha provação? 
- Muito – confirmei, assentindo uma vez e ignorando a semelhança entre os estilos de cabelo de meus professores. Acho que nem prostitutas deviam sofrer daquele jeito. 
- Hm… Se você diz – Mica deu de ombros, um pouco vesgo de tanto olhar pra cima, no esforço vão de ver seu próprio cabelo, e logo depois me olhando – Com fome? 
Assim que ele disse aquelas duas palavras, meu estômago urrou. Mordi meu lábio inferior ainda dolorido da noite anterior (chega de citar essa maldita noite! Arthur Aguiar não existe mais!) e fiz cara de cachorrinho sem dono. 
- Awn – Mica sorriu, achando minha cara fofa e fazendo uma carinha ainda mais fofa - Não precisa nem responder, amor, vamos tomar nosso café-da-manhã. 
Ele me deu as costas, indicando que me carregaria até a cozinha, e eu nem pensei em recusar o convite, deixando que ele me levasse com uma expressão quase que infantil. Além do mais, ser carregada pelas costas nuas de Mica era bem mais agradável que esforçar minhas pernas doloridas para andar pelo chão frio. 
- Não acredito… Omelete? – perguntei, respirando fundo pra sentir o cheiro bom da comida dele quando sentei (lê-se: fui depositada feito uma carga frágil) numa das cadeiras da mesa de jantar – Justo a sua omelete? 
- Isso mesmo, justo a minha omelete – ele riu, indo até o fogão, tirando uma omelete grande de dentro de uma frigideira do mesmo tamanho e colocando-a num prato pra mim – Do jeito que você gosta. 
Mica se aproximou com meu prato, e assim que o colocou à minha frente, deu um beijo estalado em meu pescoço, aproveitando que eu tinha acabado de fazer um coque frouxo em meu cabelo. Ele voltou a se afastar pra pegar seu café-da-manhã, e eu, ainda rindo do jeito dele, me servi com o suco de laranja que estava na mesa. 
- Hm, você por acaso assaltou a geladeira ontem à noite? – ele perguntou distraidamente enquanto cortava sua omelete, após alguns minutos comendo, e meu medidor de perigo apitou – Os morangos que eu tinha visto lá dentro estavam em cima da pia quando acordei. 

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