sábado, 17 de dezembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 16 / Parte 3 :

 
- Mas que caralho – ele xingou baixo, suspirando e revirando os olhos enquanto enfiava tremulamente a mão dentro do bolso da bermuda e tirava de lá seu celular. 
Ah, tá, o celular. Ufa, meu namorado continua tendo ereções normais. E continua falando palavrões quando interrompem nossos amassos. É, ele continua o mesmo Mica de sempre. 
- Que é, sua bicha? – ele grunhiu, fazendo um biquinho espontâneo com seus lábios vermelhos (o que só tornou meu riso ainda mais incontrolável e o fez rir junto comigo, mesmo que contra sua própria vontade) – A gente já chegou sim. Tá, valeu. 
- Quem era? – perguntei, ainda rindo, quando ele desligou o celular com a expressão entediada e voltou a enterrá-lo no bolso. 
- O proprietário da casa – ele respondeu, hesitando um pouco antes de falar, e eu franzi levemente a testa, estranhando aquela pequena pausa. 
- Algum problema? – insisti, enquanto ele voltava a me puxar pra si pela cintura – Talvez você não devesse tê-lo chamado de bicha. 
- Não, não tem problema nenhum – Mica riu, voltando ao normal – Ele é uma bicha mesmo, não consegue viver sem mim. 
- E quem é esse meu concorrente? – gargalhei, quase chorando de rir do jeito dele ao passar aquela boa impressão do cara. Estava tão entretida rindo que não consegui frear minha gargalhada a tempo de ouvir o que ele respondeu, nem mesmo depois de sua mudança brusca de expressão, de alegre para séria. 
- Erm… É o Thur. 
Uma sensação de ar sumindo de meus pulmões veio com força total, como se eu tivesse sido esmagada por um lutador de sumô. Mica tinha me levado para passar o fim de semana na casa de praia do 
Aguiar? Era informação demais pra assimilar tão de repente. Minha expressão desmoronou, assim como toda a minha fortaleza anti-Arthur. Estar numa casa que pertencia a ele seria um fato difícil de digerir. 
- Eu sei que devia ter te falado antes, preferia até não te falar, mas… Me desculpe, Roberta – Mica murmurou, parecendo desconcertado – Já brigamos por causa dele, e sei que vocês não se dão bem, mas… Foi o próprio Thur que ofereceu a casa, e como eu adoro esse lugar e não tenho condições de conseguir nada igual a isso, aceitei a idéia na hora. 
- T-tudo bem – gaguejei, forjando um sorriso que mais deve ter parecido uma careta de dor do que outra coisa, mas que foi suficiente para aliviar a súbita tensão de Mica – Ele é seu amigo, eu… Eu entendo. 
Entender era uma coisa. Gostar da idéia, ou melhor, me acostumar com ela, não me arrepiar com o simples fato de que aquela casa pertencia a Arthur e saber que eu estava lá com outro cara? Ah, isso era uma coisa bem diferente. Mas eu tinha prometido a mim mesma que não deixaria nada atrapalhar meu fim de semana com Mica, e me apeguei a essa promessa. 
- Bom, vou aproveitar a interrupção desnecessária pra te mostrar o resto da casa – Mica disse, me dando um breve selinho – Você vai adorar a vista do quarto, ainda mais com o pôr-do-sol. 
Me deixei ser guiada por ele em nosso tour pelos cômodos, totalmente absorta em pensamentos. Por mais que eu conseguisse sorrir de vez em quando com as descrições maravilhadas deMica sobre cada móvel, meu pensamento continuava distante dali, perigosamente próximo do proprietário daquela casa. 
Imaginei por um momento se Arthur já havia levado mulheres pra lá. Com certeza já… Mas 
quantas? Várias de uma só vez? Será que Maria já teria passado um fim de semana com ele naquela mesma casa? Definitivamente, eu teria um certo trabalho pra afastar aqueles tipos de pensamento da minha mente. Imaginar Maria passeando pelos cômodos só de roupas íntimas (ou até mesmo sem elas), enquanto os olhos dele a acompanhavam, me causou uma súbita queimação dentro do peito, que eu logo reprimi furiosamente. Eu estava começando a me convencer de que tinha alguma doença psicológica incurável. 
- Agora chegamos ao lugar mais lindo da casa – Mica avisou, empolgado, antes de abrir a porta de um dos cômodos no andar de cima – Feche os olhos. 

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