As três primeiras aulas se arrastaram morbidamente. Eu mal conseguia prestar atenção na matéria, minhas mãos estavam trêmulas pra copiar, um aperto na boca do estômago me impedia de desviar meus pensamentos daquela tortura repentina. Por mais que eu respirasse fundo e fechasse os olhos por alguns segundos, meu mal estar só se ausentava momentaneamente, voltando ainda pior logo em seguida.
No intervalo, desci as escadas em silêncio com Sophia, querendo logo que aquele dia acabasse. Ela parecia entender minha introversão e se manteve quieta, me deixando pensar sem interrupções. Como se houvesse algum jeito de interromper minha aflição infundada. Sentamos no mesmo canto de sempre, e enquanto ela terminava uns exercícios de matemática, eu observava vagamente o fluxo de pessoas pelo pátio, até meus olhos novamente encontrarem Mica.
Ele andava apressado em direção à saída da escola, falando energicamente ao celular com a expressão pesadamente preocupada. Senti uma fisgada no peito, como se fosse um súbito mau pressentimento, e ele logo sumiu de vista, me deixando ainda mais agoniada. Pensei em comentar com Sophia, mas eu realmente não estava a fim de falar hoje e preferi esperar até saber do que se tratava. Obviamente, eu pretendia me inteirar da situação hoje mesmo, se ele voltasse ao colégio.
Vinte minutos depois, o sinal tocou, indicando o término do intervalo, e nós nos levantamos devagar. Logo estávamos subindo as escadas lenta e silenciosamente, e me surpreendi quando ouvi alguém sussurrar no meu ouvido, vindo por trás de mim.
- Vem comigo.
Não precisei olhar pra trás pra reconhecer a voz de Mica, e lancei um último sorriso fraco pra Sophia antes de acompanhá-lo até uma sala vazia no segundo andar. Ninguém parecia se dar conta de nossa existência, ocupados demais com suas próprias vidas, por isso não hesitei em entrar naquela sala sozinha com ele.
- Que saudade de você – ele murmurou, sorrindo de um jeito calmo e me dando um beijo delicado, que fez meu sangue formigar daquele jeito de sempre nas veias. Estar perto dele me trouxe uma sensação temporária de alívio, e me permitiu sorrir sinceramente, mesmo que um sorriso tímido.
- Também senti sua falta – menti, me sentindo novamente desmerecedora daquele carinho por não ter pensado nele uma única vez desde que acordei no dia anterior. Passei meus braços ao redor de seu pescoço, e Mica apenas me abraçou apertado, sem me beijar novamente. Agradeci mentalmente a gentileza dele por não me forçar a encarar seus olhos e ver minhas mentiras refletidas neles, e respirei profundamente seu perfume, que hoje cheirava levemente a…
- Formol? – indaguei, franzindo a testa e me afastando de leve pra poder ver seu rosto.
Mica riu baixinho, fechando os olhos por um momento.
- Desculpe, eu não imaginei que o cheiro estivesse tão forte a ponto de você notar – ele disse, ainda sorrindo, mas me olhando calmamente – Talvez seja por isso que eu não goste de dar aulas nos laboratórios.
- Como assim? – perguntei, sentindo meu coração acelerar um pouquinho – Você deu aulas práticas hoje?
- É, o Aguiar não pôde vir pra escola e eu o substituí – ele suspirou, entortando a boca – Aquele doido enfiou a BMW num poste ontem de manhã.
No intervalo, desci as escadas em silêncio com Sophia, querendo logo que aquele dia acabasse. Ela parecia entender minha introversão e se manteve quieta, me deixando pensar sem interrupções. Como se houvesse algum jeito de interromper minha aflição infundada. Sentamos no mesmo canto de sempre, e enquanto ela terminava uns exercícios de matemática, eu observava vagamente o fluxo de pessoas pelo pátio, até meus olhos novamente encontrarem Mica.
Ele andava apressado em direção à saída da escola, falando energicamente ao celular com a expressão pesadamente preocupada. Senti uma fisgada no peito, como se fosse um súbito mau pressentimento, e ele logo sumiu de vista, me deixando ainda mais agoniada. Pensei em comentar com Sophia, mas eu realmente não estava a fim de falar hoje e preferi esperar até saber do que se tratava. Obviamente, eu pretendia me inteirar da situação hoje mesmo, se ele voltasse ao colégio.
Vinte minutos depois, o sinal tocou, indicando o término do intervalo, e nós nos levantamos devagar. Logo estávamos subindo as escadas lenta e silenciosamente, e me surpreendi quando ouvi alguém sussurrar no meu ouvido, vindo por trás de mim.
- Vem comigo.
Não precisei olhar pra trás pra reconhecer a voz de Mica, e lancei um último sorriso fraco pra Sophia antes de acompanhá-lo até uma sala vazia no segundo andar. Ninguém parecia se dar conta de nossa existência, ocupados demais com suas próprias vidas, por isso não hesitei em entrar naquela sala sozinha com ele.
- Que saudade de você – ele murmurou, sorrindo de um jeito calmo e me dando um beijo delicado, que fez meu sangue formigar daquele jeito de sempre nas veias. Estar perto dele me trouxe uma sensação temporária de alívio, e me permitiu sorrir sinceramente, mesmo que um sorriso tímido.
- Também senti sua falta – menti, me sentindo novamente desmerecedora daquele carinho por não ter pensado nele uma única vez desde que acordei no dia anterior. Passei meus braços ao redor de seu pescoço, e Mica apenas me abraçou apertado, sem me beijar novamente. Agradeci mentalmente a gentileza dele por não me forçar a encarar seus olhos e ver minhas mentiras refletidas neles, e respirei profundamente seu perfume, que hoje cheirava levemente a…
- Formol? – indaguei, franzindo a testa e me afastando de leve pra poder ver seu rosto.
Mica riu baixinho, fechando os olhos por um momento.
- Desculpe, eu não imaginei que o cheiro estivesse tão forte a ponto de você notar – ele disse, ainda sorrindo, mas me olhando calmamente – Talvez seja por isso que eu não goste de dar aulas nos laboratórios.
- Como assim? – perguntei, sentindo meu coração acelerar um pouquinho – Você deu aulas práticas hoje?
- É, o Aguiar não pôde vir pra escola e eu o substituí – ele suspirou, entortando a boca – Aquele doido enfiou a BMW num poste ontem de manhã.
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