terça-feira, 29 de novembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 3 / Parte 2 :

 
- Por que você demorou tanto pra sair da escola ontem? – Sophia perguntou, batendo o pé junto com a bateria da música enquanto ouvíamos música no volume máximo do meu iPod. 
- Cheguei atrasada na aula do Aguiar e não consegui terminar de copiar o relatório antes do sinal tocar – respondi, disfarçando um sorriso maligno – Você sabe que eu tenho problemas pra decifrar a caligrafia dos professores. 
Estávamos sentadas no chão do pátio do colégio, de frente pra porta por onde entraríamos logo e começaríamos mais um dia de aula. Faltavam apenas dez minutos pra que o sinal tocasse e as portas das classes fossem abertas, mas ainda assim a escola estava praticamente deserta. 
Olhei na direção da rua, refletindo sobre o dia anterior enquanto Sophia falava alguma coisa sobre a prova de química. Como duas pessoas podiam influenciar tanto meu humor de formas tão diferentes? Primeiro o sr. Borges, todo carinhoso, perfeito e maravilhoso. Depois, o sr. Aguiar, totalmente idiota, ridículo e frouxo. E o mais curioso de tudo, eles eram amigos! Essa vai pra minha lista de mistérios da humanidade que eu adoraria desvendar. 
Enquanto observava os poucos carros que passavam em frente à escola, um suéter verde musgo ambulante chamou minha atenção. Ergui meu olhar na direção do rosto da pessoa que caminhava escola adentro, e me deparei com um par de olhos pretos me olhando. Sorri de leve, doida pra agarrá-lo ali mesmo como sempre. Aquela blusa verde era um clássico no guarda-roupa dele, todas as vezes que eu o via usando aquele suéter, era tentação na certa. Deus, eu realmente amava cada detalhe naquele homem. 
- Bom dia, meninas – o sr. Borges sorriu ao passar por nós, carregando mil pastas cheias de papéis e uma mochila que provavelmente continha mais pastas iguais às outras. Tenho certeza de que Sophia não notou nada de especial naquele sorriso, mas eu o vi de um jeito totalmente diferente. 
- Bom dia, professor – respondemos, em uníssono, o que só fez aquele sorriso aumentar. O sr. Borges continuou a andar normalmente em direção à sala dos professores, e eu o segui com o olhar disfarçadamente. Oi, como você consegue ser tão gostoso aos 30 anos de idade? Não posso esquecer de perguntar isso a ele um dia. 
- Você tem razão – Sophia disse, e eu mais que depressa parei de secar o sr. Borges para olhá-la. Fiz cara de pastel de vento e ela completou a frase – Ele é lindo demais. 
Não deu pra não rir daquele comentário, ainda mais com os recentes acontecimentos. 
- Pois é, minha cara – suspirei, assentindo devagar – Ele é simplesmente perfeito. 
Sophia também suspirou e começou a observar a rua vagamente. Sem vergonha, logo voltei a encarar o sr. Borges, que havia parado em frente à sala dos professores pra conversar com uma coisa loura, alta e magra que atendia pelo nome de Juju . Eu ainda acertava minhas contas com aquela lambisgóia oxigenada um dia, pode apostar. 
- Segura a emoção aí, Roberta – ouvi Sophia rir disfarçadamente, abaixando seu olhar pra disfarçar ainda mais o riso – Sua alma gêmea tá chegando. 
Franzi a testa, sem entender, e me virei na direção da saída do colégio. Dei de cara com o professor Aguiar chegando, com a maior cara de sono e os cabelos despenteados de um jeito proposital. E atraente, pro meu desgosto. 
- Não sei por que eu fui olhar, eu já devia saber que era ele – resmunguei, revirando os olhos e olhando rapidamente pra porta da sala dos professores, agora sem ninguém ao seu redor. Beleza, o sr. Borges e a srta. Juju já deviam estar no banheiro mais próximo dando sua rapidinha matinal. E eu ali, perdendo meu tempo observando o contorno dos ombros do sr.Aguiar, realçados pela blusa pólo azul marinho que ele usava. 
Espera aí. Credo, que nojo! Por que eu agora estava com a péssima mania de ficar observando os detalhes daquele verme? Tudo bem que eu adoro ombros masculinos (não só ombros, mas isso não vem ao caso), mas ficar olhando os do Aguiar já era desespero demais! Nota mental: evitar encarar qualquer parte do corpo daquele exu. 

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