terça-feira, 29 de novembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 2 / Parte 5 :

 
Senti Sophia me cutucar, e tirei os fones do iPod, acordando pra vida. 
– Vamos, o sinal já tocou e eu tenho prova agora – ela disse, fazendo uma careta entediada. 
- E eu tenho aula do Araripe. – resmunguei pra mim mesma enquanto me levantava, tensa por causa das aulas de biologia que se aproximavam cada vez mais. Por que todos os professores não podiam ser fisicamente iguais ao meu querido professor de geografia, feios, balofos e calvos? Não ser obrigada a ver meu professor infinitamente insuportável e igualmente sexy usando calças justas facilitaria muito a minha vida. 

- Bom dia, classe – o sr. Borges sorriu, parando na porta da classe enquanto eu ainda terminava de copiar a matéria de geografia da lousa – Hoje nossa aula será um pouco diferente. 
Na mesma hora, todas as cabecinhas que estavam na classe se viraram pra ele. Quando algum professor dizia que a aula seria ‘diferente’, era porque sairíamos da classe ou algo do tipo, o que era bem raro. Com um sorriso sapeca no rosto, o professor Borges continuou: 
- Nós iremos ao anfiteatro assistir a um documentário bem interessante que o professor Aguiar me emprestou. 
Sem precisar dizer mais nada, todos os alunos começaram a se amontoar ao redor da porta, empolgados com a simples idéia de sair daquela classe monótona. Eu apenas segui o fluxo calmamente, dando um tchauzinho ao passar pela classe de Sophia e vê-la tranqüila entregando a prova de química. Pra variar, ela parecia ter ido bem. 
Chegamos ao anfiteatro, que ficava no quarto andar, e logo todos ocuparam as poltronas mais próximas da tela, que abrangia uma parede inteira. Pra evitar que os retardados mentais da minha classe atrapalhassem minha concentração com seus comentários desnecessários, me sentei mais pro fundo, literalmente excluída de todos. Tudo que eu queria era tentar prestar atenção no documentário em paz, afinal, eu já estava me sentindo bastante confusa sozinha e não precisava de mais ninguém me perturbando. 
O sr. Borges colocou o documentário no DVD e apagou as luzes, nos deixando no escuro quase total. Meus olhos, ainda desacostumados à escuridão, estavam fixos na tela, então eu acho que dá pra entender porque eu quase morri de susto ao sentir alguém sentar ao meu lado. 
- Posso me sentar aqui? – ouvi o professor Borges sussurrar, já sentado. Até parece que ele sabia que não precisava pedir permissão pra nada quando a pessoa em questão era eu. 
- Claro – respondi baixinho, inspirando seu perfume gostoso. 
– Não gosta de sentar mais pra frente? – ele perguntou, com o rosto parcialmente iluminado pela luz do telão. 
- Não muito, eu acabo não conseguindo prestar atenção com muita gente falando em volta – murmurei, com um sorrisinho simpático – E o senhor? 
Ele soltou uma risadinha sem graça e fez uma careta, como se estivesse desconcertado. 
- Nem é muito por isso… – ele respondeu, sorrindo de um jeito envergonhado - Eu vim sentar aqui pra fazer companhia pra você. 
- Companhia pra mim? – repeti, tentando disfarçar minha vontade de abraçá-lo até cansar – Não precisa sentar aqui só por minha causa, professor. Eu tô acostumada a ficar sozinha. 
Observação: o homem inalcançável de quem eu era super a fim tava dizendo que queria me fazer companhia, e o que eu fazia? Repelia o cara. Eu não mereço viver. 
- Mas não devia, Messi – ele murmurou, com a voz um pouco chateada – Eu não gosto de te ver sozinha na classe, sempre copiando a matéria de geografia. Às vezes eu acho que as pessoas da sua classe não te dão o devido valor… Nunca tentaram descobrir o quão interessante você pode ser. 
A cada palavra, o professor Borges me deixava mais encantada. Era sempre comovente ouvir uma pessoa dizer algo tão bonito sobre você, daquele jeito sincero, ainda mais se essa pessoa for tão especial como ele era pra mim. 
- O senhor acha isso mesmo? – sussurrei, sorrindo esperançosamente. Ele sorriu de volta de um jeito fofo e assentiu. 
- Eu acho – ele disse, baixinho, e pegou minha mão que estava apoiada no braço da poltrona – Você é uma garota incrível, Messi. De verdade. 
Abaixei meu olhar pras nossas mãos juntas, toda arrepiada. Era mesmo verdade? Ele estava segurando minha mão? Ele olhou na mesma direção que eu, e colocou sua mão por baixo da minha, com a palma pra cima, entrelaçando nossos dedos. 
- Obrigada, professor – eu gaguejei, com a voz quase inaudível, e ergui meu olhar pra ele – Eu também acho o senhor um homem incrível. 
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->

Nenhum comentário:

Postar um comentário