terça-feira, 29 de novembro de 2011

WEB LuAr - Capítulo 2 / Parte 4 :


Roberta? – ouvi a voz de Sophia me chamar, não sei quanto tempo depois, e quando olhei na direção da porta, a vi parada com um olhar preocupado – Você tá pálida, o que houve? 
- N-nada, s-só uma tontura – gaguejei, com a voz falha, e torcendo pra que minhas pernas bambas me agüentassem, saí do elevador – Vamos, minha mãe já deve estar me esperando. 
Sophia não fez mais perguntas, apesar de não ter acreditado totalmente na minha resposta, e me acompanhou até a saída. Durante o dia inteiro, a lembrança daquele beijo e daquela sensação esquisita me assombrou, e à noite, o sono demorou a chegar. Eu me revirava na cama, tentando afastar os olhos do professor Aguiar dos meus pensamentos, até acabar pegando no sono. 

- Hoje você tem aula com o Borges? – Sophia perguntou, enquanto subíamos as escadas pra chegar às nossas classes. 
- Tenho, por quê? – perguntei, distraída ouvindo música, ou pelo menos tentando. Só de me lembrar das aulas que eu teria hoje, meu estômago revirava. Fazia exatamente seis dias que eu não via nem sombra do Aguiar, e hoje eu teria a última aula com ele. Um calafrio percorreu minha espinha, mas eu fingi que nada tinha acontecido e continuei cantarolando a música que tocava no meu iPod. 
- Por que você não fala com ele de novo sobre o professor Aguiar? – ela sugeriu, solidária – Sei lá, de repente ele resolve te ajudar dessa vez. 
- Ele vai me ajudar como, falando pro Aguiar que eu fui lá pedir ajuda pra ele? – retruquei, balançando negativamente a cabeça – Não vou falar nada, não quero meter mais ninguém nisso. Vai que o Aguiar inventa alguma besteira sobre mim e até o Borges começa a me dar C de média. 
- Bom, você que sabe – Sophia encerrou, derrotada – Eu falaria com o Borges de novo depois de receber aquela prova de recuperação com um C gigante e injusto, mas a decisão é sua. 
- Eu vou pensar no que vou fazer – suspirei, entrando na classe enquanto Sophia entrava na classe ao lado. Até o ano passado, ela era da minha classe, mas nesse ano a diretora aprontou alguma com as re-matrículas e ela acabou caindo numa classe separada. Estávamos tentando fazê-la mudar de classe, mas aquela joça de diretora de alguma maneira estava implicando com a gente. Pode parecer exagero, mas o mundo parece conspirar contra mim às vezes. 
Como nas três primeiras aulas os professores resolveram passar muita matéria, nem tive muito tempo de pensar em nada. Durante o intervalo, eu e Sophia nem conversamos direito, porque enquanto eu ouvia música no volume máximo, ela estudava química. Perdida em pensamentos, logo voltei à realidade quando novamente vi o sr. Borges conversando com o professor Aguiar na porta da sala dos professores, super empolgados. Os dois riam e gesticulavam, e o sr. Borges dava cada gargalhada divertida que me dava vontade de rir junto só de olhar. 
Mas apesar de sentir meu coração acelerar ao ver o professor Borges, olhar pro Aguiar pela primeira vez depois do incidente no elevador me deu um aperto no peito. Ele estava com uma blusa social roxa escura lisa, uma calça jeans preta justa e um All Star da mesma cor. Enquanto ele caminhava lentamente em direção à cantina, ainda conversando, uma pergunta passava pela minha cabeça. Como eu nunca tinha reparado em como ele era bonito? Consideravelmente alto, corpo bem definido, cabelos bagunçados de um jeito atraente… É, talvez eu estivesse ocupada demais copiando relatórios ou então odiando seu jeito de ser pra prestar atenção em sua aparência. Mas mesmo sendo lindo, nada me faria sentir algo bom por ele. Nada mesmo. 
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